Como era São Paulo sem Jardim Zoológico
Rose Saconi
29/08/2013 | 14h46   
Paulistanos iam a museu com bichos empalhados; primeiro zoo foi inspirado no Jardin d'Acclimatation
Os estudos e discussões para a criação de um zoológico na capital começaram cerca de 70 anos antes da inauguração do atual Jardim Zoológico de São Paulo, na Água Funda, junto ao bairro da Saúde. Já em 1888, o botânico Alfredo Loefgren defendia a formação de um jardim zoológico e botânico. "Se estivessemos em uma cidade onde há falta de terrenos adequados para um jardim zoológico, isso comprehender-se-hia, mas aqui abundam terrenos baldios e sem occupação", argumentou em uma sessão da Assembleia Legislativa noticiada pelo Estado (à esquerda).
Quatro anos depois, em 1892, a área do atual parque da Aclimação foi escolhida como sede do primeiro zoológico paulistano. O espaço foi criado pelo médico, político e fazendeiro Carlos Botelho que, encantado com o parisiense Jardin d'Acclimatation, decidiu fazer algo parecido em São Paulo. No local foi instalado também um posto zootécnico para aclimatar o gado holandês que Botelho trouxe à cidade para melhorar a qualidade do leite consumido pelos paulistanos.
Museu Zoológico. São Paulo também teve um outro zoológico bem no comecinho do século 20. Lá os animais não comiam, não andavam, não dormiam. Além de lobos, cachorros do mato, jacarés e lontras, os visitantes podiam observar alguns flagrantes do mundo animal, como um guaxinim acuando um bando de coatis e até uma onça matando um índio. "Todos os animais muito bem empalhados, conservando attitudes naturaes, dando muitos delles a illusão da vida ", descreveu o Estado em 1905, quando o Museu Zoológico dos srs. Pilas & Sá, foi inaugurado na rua Florêncio de Abreu, 20A.
Cacareco. Uma forte chuva caía na cidade quando Jânio Quadros, então governador do Estado, inaugurava oficialmente o Jardim Zoológico da Água Funda, no dia 16 de março de 1958, com 482 animais. O mal tempo restringiu a visita das autoridades e convidados a poucos animais. Um deles foi Cacareco, um rinoceronte preto africano que Jânio, para espanto dos presentes, declarou que com esse nome, Cacareco "seria um forte candidato aos Campos Elíseos".
Jânio acertou em cheio. Nas eleições de outubro daquele ano, os paulistanos votaram em massa em Cacareco. Na época os votos eram escritos em cédulas de papel. O rinoceronte recebeu cerca de 100 mil votos para vereador (imagem à direita). Os votos, claro, foram em protesto e considerados nulos, mas o caso entrou para o folclore político.
Rinoceronte Cacareco no Jardim Zoológico de S ão Paulo em 1958. Acervo/Estadão
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