Elza Soares cantou para viver. Viveu para cantar
Acervo - Estadão
20/01/2022 | 22h39   
Relembre a trajetória da cantora que morreu aos 91 anos nas páginas do Estadão
Em outubro de 1967, Elza Soares [1930-2022] estava em São Paulo para intepretar o samba 'Isso não se faz" no histórico festival de música popular brasileira da Record. Mas a música a ser defendida por ela e o próprio festival ficaram em segundo plano na entrevista da cantora às vésperas da competição. O assunto era a notícia de que ela iria abandonar a carreira.
"Eu? Abandonar a minha carreira, nunca. Ainda não me sinto estabilizada na vida. Além disso gosto de cantar a nossa música, o samba é lógico. Existe outra música brasileira que não seja samba? Você conhece?" Elza Soares fingia-se de irritada com a notícia publicada de que ela estava disposta a abandonar a sua carreira, "coisa que não posso fazer porque tenho cinco filhos e preciso educá-los. Talvez daqui uns três anos, se estiver bem de situação, poderei traballhar menos, mas não parar" frisa com humor."
A estabilidade mencionada pela cantora na entrevista era algo que nunca viria. E mais de 50 anos depois Elza continuaria cantando. Não apenas samba, como defendia naqueles dias. Com seu estilo, energia e voz inconfundíveis, cantou bossa, jazz, blues, rock, funk, soul e qualquer ritmo que lhe despertasse uma nova fome de viver e de cantar.
"Todo o tempo tentam me empurrar de volta ao passado. Não quero ficar presa a um só estilo. Quero cantar muito e de tudo. Assim como sou Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, também sou Jovelina Pérola Negra, e é isso que eu quero que vejam, todas as minhas faces", declarou para Vânia Toledo no Caderno 2 em 1988.
Com essa sede de renovação constante, Elza Soares continuaria nos palcos até os 91 anos. Veja alguns desses momentos nas páginas do Estadão.
[Veja a galeria em outra janela]
Comentários
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.