Há 35 anos, presidente Jimmy Carter visitava o Brasil
Liz Batista
29/03/2013 | 16h50   
Líder americano frustrou brasileiros ao não criticar violações cometidas pelo regime militar
O presidente americano é recebido pelo presidente brasileiro Ernesto Geisel após desembarcar em aeroporto de Brasília, durante sua visita ao País em 1978.
Foto: Arquivo/ Estadão
Sob os olhos atentos da mídia, o presidente norte-americano Jimmy Carter chegava ao Brasil, em 29 de março de 1978. No País, a expectativa de que Carter demonstrasse uma posição firme frente às violações aos direitos humanos, cometidas pelo regime militar, foi frustrada. Enquanto a sociedade brasileira esperava do presidente americano - um democrata, ex- missionário que construiu sua imagem política em torno de uma retórica pacifista e conciliadora - uma posição crítica e reprovadora dos métodos utilizados pelos militares, provou o gosto amargo da Realpolitik de Carter.
Sua passagem pelo Brasil foi marcada por discursos com menções, ligeiras, à “liberdade humana” e ao “Estado de Direito”, todos oferecendo saídas favoráveis para a interpretação oficial. Em uma dessas ocasiões, disse “hoje estamos todos unidos num esforço global em prol da causa da liberdade humana e do Estado de Direito”. Sem especificar quem seriam “todos”, o que poderia fazer dessa declaração uma clara reprovação aos meios empregados pelo regime, Carter pareceu apenas munir os teóricos da democracia relativa.
O Estado de S.Paulo, 01 de abril de 1978
O movimento que estremeceu as relações entre as duas nações e levou a suspensão de cinco acordos militares, após denúncias de tortura a presos políticos no Brasil, terem sido reportadas por missionários, à primeira dama americana Rosalyn Carter, durante sua visita ao Recife em 1977 e relatórios do Departamento de Estado, com dados da Anistia Internacional sobre os milhares de brasileiros que tiveram seus direitos políticos cassados, foram torturados e mortos pelos órgãos policiais, terem sido levados ao Congresso americano, pareceu ficar no passado.
As referências constantes ao Brasil como “nova potência”, o reconhecimento de Carter quanto as intenções pacíficas do País de explorar a energia nuclear e os encontros como o presidente Ernesto Geisel e com o general João Baptista Figueiredo, soaram como a validação do governo americano ao regime de exceção no Brasil.
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