Há 50 anos, incêndio destruía Palácio Campos Elísios
Estadão Acervo
17/10/2017 | 10h12   
Fogo consumiu prédio; do pouco salvo estava disco autografado de Caetano da filha do governador

Quinze minutos de violento incêndio bastaram para destruir quase totalmente o Palácio dos Campos Elísios, na Avenida Rio Branco, então residência oficial do governador do Estado, Abreu Sodré. O prédio estava passando por uma reforma havia nove meses e tinha acabado de ser pintado. A obra estava basicamente concluída, faltando apenas alguns retoques. O fogo começou no telhado, por volta das 19h40. Todas as pessoas que estavam na casa foram retiradas sem ferimentos. O governador Sodré estava despachando no Palácio dos Bandeirantes.
Das roupas do governador Sodré só sobrou um fraque e um par de sapados. Dos livros, não sobrou nada. A filha mais nova, Maria do Carmo, perdeu todos os sapatos e, vestidos. Só ficou com a roupa do corpo. Os livros, cadernos e uniforme da escola foram consumidos pelo fogo. Conseguiu salvar um LP autografado de Caetano Veloso e uma vitrola.
“O incêndio do Palácio dos Campos Elísios constituiu para a população paulistana um dos espetáculos mais chocantes destes últimos tempos ( …) o que com aquela velha mansão desapareceu foi verdadeiramente um símbolo da arquitetura”, lamentou o Estado no editorial do dia seguinte à tragédia.

História. Em 1896, o cafeicultor Elias Antônio Pacheco Chaves começou a construir a casa da família, inspirada no Castelo de Écouen, perto de Paris. Concluída em 1899, a casa ostentava espelhos venezianos, lustres de Baccarat, maçanetas de porcelana e carvalho francês. Em 1911, o palacete foi comprado pelo Estado e depois virou sede do governo paulista. De Palacete Elias Chaves passou a ser chamado de Palácio dos Campos Elísios. Por ele, passaram Rodrigues Alves, Washington Luís e Jânio Quadros. Em 1965, a sede do governo foi transferida para o Palácio dos Bandeirantes, mas o Campos Elísios ainda era utilizado pelo Executivo. A partir de 1972, passou a abrigar secretarias do Estado.

Em 2004 o Governo anunciou sua intenção de revitalizar o prédio com o objetivo de transformá-lo num Centro Cultural ligado à história de São Paulo, mas a falta de verbas e a burocracia fizeram com que o projeto fosse adiado. Após dois anos, em 2006, um novo anúncio sobre a reforma do prédio tombado é feito, os recursos seriam captados pela Lei Rouanet. Passaram-se cinco anos sem grandes avanços até que, em 2008, a restauração do Palácio Campos Elísios é novamente anunciada. O governador José Serra queria criar uma extensão do gabinete do Palácio dos Bandeirantes, despachando uma vez por semana do palácio; mas a obra ficou pela metade e voltou para a gaveta.
No ano passado, em 2016, a mais recente reforma foi concluída no palacete. Os custos foram estimados e, R$20 milhões. Este ano, o prédio que estava desocupado desde 2006, passou a sediar o Sebrae SP, que tem planos de montar ali um projeto de economia criativa.
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