65 anos de pedágio na Via Anchieta

Carlos Eduardo Entini

03/02/2013 | 11h59   

Governo queria o retorno do investimento na estrada; valor atualizado seria de R$ 50 por automóvel

Desde às seis horas do 2 de fevereiro de 1948, que o motorista paga pedágio para ir à Baixada Santista. A inauguração do serviço foi um evento, onde compareceram o governador Adhemar de Barros e outras autoridades.O pedágio surgiu depois de um pouco mais de oito meses da inauguração parcial da estrada.

 

O Estado de S. Paulo - 3/2/1948

 

O pagamento podia ser em dinheiro ou em vale. Os preços do pedágio atualizados seriam (entenda como foi feita a conversão):

  $ em 2/2/48

    $ atual

- Motocicleta  Cr$ 5,00

 R$ 25,00

- Carros até 5 passageiros

e ambulâncias

Cr$ 10,00

R$ 50,00

- Veículos de 6 a 12 passageiros,

caminhões leves ou caminhotes

até 3 toneladas

 Cr$ 15,00

 R$ 75,00

- Ônibus (mais de 13 passageiros)

 Cr$ 20,00

 R$ 100,00

- Caminhões de 3 a 6 toneladas

 Cr$ 30,00

 R$ 150,00

- Caminhões pesados e tratores

9 e 12 toneladas

 Cr$ 90,00  R$ 450,00
-Excedente por tonelada (acima de 18)

 Cr$ 5,00

 R$ 25,00

 

 

Resistências. A cobrança de pedágio gerou resistência. Muitos motoristas e empresas de transportes para não pagá-lo recorriam à estrada velha de Santos. Na Assembleia Legislativa houve discussão sobre a inconstitucionalidade do projeto de lei aprovado em 1947. Um dos argumentos era de que havia uma bitributação. Segundo o projeto apresentado a cobrança era para se ter o retorno do investimento feito pelo governo para construir a estrada.

 

O Estado de S. Paulo - 17/4/1948

 

Em abril, o deputado Lincoln Feliciano foi à tribuna mostrar que já havia um imposto federal incluído nos combustíveis cujo destino seria para os estados aplicarem exclusivamente "no desenvolvimento e conservação de suas redes rodoviárias", daí a razão do cidadão pagar duas vezes pela mesma coisa. O outro argumento era sobre o período de cobrança. O mesmo deputado questionava que a cobrança deveria findar com o fim da amortização do investimento.

 

O Estado de S. Paulo - 20/2/1948

 

Além dessa e outras resistências institucionais, o jornal Estado registrou pelo menos duas tentativas de boicotar o pedágio.Numa delas foram colocados tábuas com pregos na estrada. Segundo comunicado do Departamento de Estradas e Rodagem, foram "atos de característica sabotagem praticada por agitadores os quais vários estrangeiros". Na outra, o motorista Vitorio Suma tentou fazer o impossível há 65 anos, passou sem pagar. Mas o ato de desobediência civil durou pouco. Preso, pagou o que devia na delegacia de polícia.

 

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