A Semana de Arte Moderna nas páginas do Estadão em 1922

Carlos Eduardo Entini, Cristal da Rocha, Edmundo Leite, Liz Batista - Acervo Estadão

11/02/2022 | 00h12   

Saiba como a Semana de 22 foi noticiada e anunciada nas páginas do Estadão

Durante três noites, em 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, um grupo de artistas se reuniu no Theatro Municipal de São Paulo para realizar a Semana de Arte Moderna, o evento que é considerado um marco na história das artes e da cultura brasileira, com apresentações de concertos musicais, de dança, recitais de poesias e exposição de pinturas, esculturas e arquitetura.

Nas páginas do Estadão, a Semana de 22, como também ficaria conhecida no futuro,  apareceu para os leitores em textos noticiosos na seção Artes e Artistas e em anúncios publicitários em meio a outras atrações culturais da cidade.

No principal texto, publicado na terça-feira de 14 de fevereiro, dia seguinte ao primeiro festival, como era chamado cada um dos três dias do evento, o jornal transcreveu a conferência do diplomata e escritor Graça Aranha na abertura da Semana Arte Moderna, na qual falava sobre as intenções do grupo ali reunido para uma plateia que pagou o equivalente a R$ 500,00 atuais para sentar em uma cadeira comum, ou R$ 4.650,00 por lugares nos camarotes e frisas, naquelas três noites. 

[Abra a galeria em outra janela]

Horrores - Já na abertura Graça Aranha expunha o tipo de crítica que a obra daqueles artistas recebiam há algum tempo, dizendo que muitos ali presentes poderiam classificar o evento como uma aglomeração de horrores, e finalizava com as pretensões do grupo:

“Para muitos de vós a curiosa e suggestiva exposição que gloriasamente inauguramos hoje, é uma aglomeração de ‘horrrores’. Aquele genio suppliciado, aquelle homem amarello, aquele carnaval alucinante, aquela paisagem invertida se não são jogos de fantasia de artistas zombeteiros , são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado vosso espanto. Outros “horrores” vos esperam.” (...)

(...) "O que hoje fixamos não é a renascença de uma arte que não existe. É o proprio commovente nascimento da arte no Brasil, e como não temos felizmente a perfida sombra para a imaginação, tudo promette para uma admiravel "florada" artistica. E, libertos de todas as restricções, realisaremos na arte o Universo. A vida será, enfim, vivida na sua profunda realidade esthetica."

O embate dos modernistas com a arte considerada antiquada por eles foi retratado na edição do dia 15 de fevereiro, quando o jornal publicou uma carta da pianista Guiomar Novaes aos organizadores da Semana reclamando do desrespeito com artistas da velha guarda:

"Exmos. srs. membros do comité patrocinador de Semana de Arte Moderna - Saudações.

Em virtude do caracter bastante exclusivista e intolerante que assumiu a primeira festa de arte moderna, realisada na noite de 13 do corrente no Theatro Municipal, em relação ás demais escolas de musica, das quaes sou interprete, e admiradora, não posso deixar de aqui declarar o meu desaccordo com esse modo de pensar. Senti-me sinceramente contrariada com a publica a exhibição de peças satyricas allusivas á musica de Chopin.

Admiro e respeito todas grandes manifestações de arte, independente das escolas a que ellas se fillem. e foi de accôrdo com esse meu modo de pensar que, accedendo ao convite que me foi feito tomarei parte num dos festivaes de Arte Moderna. Com toda a consideração -  (a) G. Novaes."

Futurismo - Além dos textos sobre a programação, o jornal também publicou no último dia uma pequena nota intitulada "Semana futurista", assinada por "um paulista", defendendo as vaias que aconteceram durante as apresentações no Municipal: "O direito de vaia e de pateada é reconhecido em todos os paízes civilizados. Será que não há mais batatas nessa terra?" [Na época, os modernistas também eram chamados de futuristas.]

Dois dias depois do encerramento da Semana de Arte Moderna, um anúncio do Guaraná Espumante, empresa que tradicionalmente publicava propagandas no jornal em formato de charges com temas da atualidade, estampava em seu espaço o "monstro do futurismo", com uma criatura de membros e roupas disformes, em alusão às pinturas modernistas.

Leia abaixo a  íntegra dos textos com as grafias originais e veja como a Semana de Arte Moderna foi noticiada e anunciada nas páginas do Estadão em fevereiro de 1922.

>> Estadão - 11/2/1922

SEMANA DE ARTE MODERNA

Está marcado para depois de amanhan, ás 20 horas e meia no Theatro Municipal, o primeiro festival da "Semana de Arte Moderna", no qual tomarão parte numerosos artistas de S. Paulo e do Rio de Janeiro.

Nesse primeiro sarau, o Sr. Graça Aranha fará uma conferencia sobre "A emoção esthetica na Arte Moderna", a qual será intercalada de numeros de musica executados pelo maestro Ernani Braga e poesias por Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho. A seguir, o compositor Villa-Lobos executará varios numeros de musica de "camera" e o trio Paulina d'Ambrosio, Alfredo Gomes e Fructuoso de Lima Vianna tocará outras peças.

Na segunda parte do programma, figura uma conferencia sobre "A pintura e esculptura modernas no Brasil", pelo sr. Ronald de Carvalho, além de numeros de musica pelo maestro Ernani Braga, Paulina d'Ambrosio, Jorge Marinuzzi, Orlando Frederico Orlando, Alfredo Gomes, Alfredo Corazza, Pedro Vieira, Antão Soares e Fructuoso de Lima Vianna.

A exposição de pintura, esculptura e architectura estará aberta desde o dia 13 até 17, no vestibulo do Theatro Municipal. A procura de bilhetes para esses festivaes tem sido grande.

>> Estadão - 13/2/1922

SEMANA DE ARTE MODERNA

É hoje que se realisa no Theatro Municipal, ás 20 horas e meia, o primeiro festival da Semana de Arte Moderna. O programma desse sarau é o seguinte:

1.a parte.

Conferencia de Graça Aranha; A emoção esthetica na arte moderna, illustrada com musica executada por Ernani Braga e poesia por Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho.

Musica de camera.

Villa-Lobos - 1 - Sonata II de violino e plano - (1916); a) Alegro Moderato; b) Andante c) Scherzo; d) Allegro vivace sostenuto e final. - Alfredo Gomes e Lucilla Villa-Lobos.

2 - Trio Segundo (1916) - violino, violoncello e piano: a) Allegro Moderato; b) Andantino calmo; (Berceuse-Barcarola); e) Scherno - Spiritoso; d) Molto Allegro e final.  - Paulina d'Ambrosio, Alfredo Gomes e Fructuoso de Lima Vianna.

2.a parte

Conferencla de Ronald de Carvalho: "A pintura, e a esculptura moderna do Brasil".

3 - Solos de piano: Ernani Braga. (1917): a) Valsa Mystica (Da simples collectanea); (1919): b) Camponeza Cantadeira (Da suite floral); (1921): c) A Fiandeira.

4 - Ottelo - (Tres Dansas africanas): a) Farrapos (Danças dos moços) 1914; b) Kankukus (Danças dos velhos) 1915; e) Kankikis (Dansas dos meninos) 1916. - Violinos: Paulina d'Ambrosio, George Marinuzzi, Alto, Orlando Frederico. Violoncellos: Alfredo Gomes, Basso, Alfredo Carazza. Flauta: Pedro Vieira. Clarino: Antão Soares. Piano: Fructuoso de Lima.

A exposição de pintura, esculptura e architectura estará aberta desde hoje até o dia 17, no vestibulo do Municipal.

>> Estadão - 14/2/2022

SEMANA DE ARTE MODERNA

Inaugurou-se no Theatro Murinicipal, hontem, conforme fora annunciado, a semana de arte moderna, promovida pelo sr. dr. Graça Aranha, da Academia Brasileira e ministro diplomatico aposentado, com o apoio de varios cavalheiros da nossa sociedade.

A reunião de hontem foi iniciada pelo festejado autor de “Chanaan" com as seguintes palavras sobre a emoção esthetica na arte moderna:

"Para muitos do vós a curiosa e suggestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje, é uma agglomeração de "horrores". Aquelle Genio suppliciado, aquelle homem amarello, aquelle carnaval allucinante, aquella paisagem invertida se não são jogos da fantasia de artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza da vida. Não está terminado o vosso espanto. Outros "horrores" vos esperam. Daqui a pouco, juntando-se a esta collecção de disparates, uma poesia liberta, uma musica estravagante, mas transcendente, virão revoltar aquelles que reagem movidos pelas forças do Passado. Para estes retardatarios a Arte ainda é o Bello.

Nenhum preconceito é mais perturbador à concepção da arte que o da Belleza. Os que imaginam o bello abstracto são suggestionados por convenções forjadoras de entidades o conceitos estheticos, sobre os quaes não póde haver uma noção exacta e definitiva.

Cada um que se interrogue a si mesmo e responda - que é a belleza? Onde repousa o criterio infallivel do bello? A arte é independente deste preconceito. É outra maravilha que não é a belleza. É a reallisação da nossa integração no cosmos pelas emoções derivadas dos nossos sentidos, vagos, indefiniveis sentimentos que nos vêm das fórmas, dos sons, das côres, dos tactos, dos sabores e nos levam à unidade suprema com o Todo universal. Por ella nós sentimos o Universo, que a sciencia decompõe e nos faz somente conhecer pelos seus phenomenos.

Porque uma fórma, uma linha, um som, uma côr nos commovem, nos exaltam e transportam ao universal? Eis o mysterio da arte, insoluvel em todos os tempos, porque a arte é eterna e o homem é por excellencia o animal artista.

O sentimento religioso póde ser transmudado, mas o senso esthetico permanece inextinguivel como o Amor, seu irmão immortal. O Universo e os seus fragmentos são sempre designados por metaphoras e analogias que fazem imagens. Ora, essa funcção intrinseca do espirito humano mostra como a funcção esthetica que é a de idear e imaginar, é essencial para á nossa natureza.

A emoção geradora da arte ou a que esta nos transmitte, é tanto mais funda, mais universal quanto mais artista fôr o homem, seu criador, seu interprete ou espectador. Cada arte nos deve commover pelos seus meios directos de expressão e por elles nos arrebatar ao Infinito. A pintura nos exaltará não pela anecdota que, por acaso, ella procure representar, mas principalmente pelos sentimentos vagos e ineffaveis que nos vêm da fórma e da côr. Que importa que o homem amarello, ou a paisagem louca, ou o Genio angustiado não sejam que se chamam convencionalmente reaes!

O que nos interessa é a emoção que nos vem daquellas côres intensas e surprehendentes, daquellas fórmas estranhas, inspiradoras de imagens e que nos traduzem o sentimento pathetico ou satirico do artista. Que nos importa que a musica transcendente que vamos ouvir não seja realisada segundo as formulas consagradas! O que nos interessa é transfiguração de nós mesmos pela magia do som, que exprimirá a arte do musico divino. É na essencia da arte que está a Arte.

É no sentimento vago do Infinito, que está a soberana emoção artistica derivada do som, da fórma e da côr. Para o artista a natureza é uma "fuga" perenne no Tempo imaginario. Emquanto para os outros a natureza é fixa e eterna, para elle tudo passa e a Arte é a representação dessa transformação incessante. Transmittir por ella as vagas emoções absolutas vindas dos sentidos e realisar nesta emoção esthetica a unidade com o Todo é a suprema, alegria do espirito.

Se a Arte é inseparavel do homem, se cada um de nós é um artista mesmo rudimentar, porque é um criador de imagens e fôrmas subjectivas, a Arte nas suas manifestações recebe a influencia da cultura do espirito humano. Toda a manifestação esthetica é sempre precedida de um movimento de idéas geraes, de um impulso philosophico, e a philosophia se faz arte para se tornar vida.

Na antiguidade classica o surto da architectura e da esculptura se deve não somente ao meio, ao tempo e á raça, mas principalmente á cultura mathematica, que era exclusiva e determinou a ascendencia dessas artes do volume. A propria pintura dessas épocas é um accentuado reflexo da esculptura.

No Renascimento em seguida á perquirição analytica da alma humana, que foi a actividade predominante da edade media, o humanismo inspirou a magnifica floração da pintura, que, na figura humana procurou exprimir o mysterio das almas.

Foi depois da philosophla natural do seculo XVII que o movimento pantheistico se estendeu á Arte e á Literatura e deu á Natureza a personificação que raia na poesia e na pintura da paisagem. Rodin não teria sido o innovador que foi na esculptura, se não tivesse havido a precedencia da biologia de Lamarck e Darwin. O homem de Rodin é o anthropoida aperfeiçoado.

E, eis chegado o grande enigma, que é o de precisar as origens da sensibilidade na arte moderna. Este supremo movimento artistico se caracterisa pelo mais livre e fecundo subjectivismo. É uma resultante do extremado individualismo que vem vindo na vaga do tempo ha quasi dois seculos, até se espraiar em nossa época, de que é a feição avassalora.

Desde Rousseau o individuo é a base da estructura social. A sociedade é um acto da livre vontade humana. E por este conceito se marca a ascendencia philosophica de Condillac e da sua escola. O individualismo freme na revolução franceza e mais tarde no romantismo e na revolução social de 1848, mas a sua libertação não é definitiva. Esta só veiu quando o darwinismo triumphante desencantou o espirito humano das suas pretendidas origens divinas. E revelou o fundo da natureza e as suas tramas inexoraveis. O espirito do homem mergulhou neste insondavel abysmo e procurou a essencia das coisas. O subjectivismo mais livre, mais desencantado germinou em tudo.

Cada homem é um pensamento independente, cada artista exprimirá livremente, sem compromissos, a sua interpretação da vida, a emoção esthetica que lhe vem dos seus contactos com a natureza. É toda a magia interior do espirito que se traduz na poesia, na musica e nas artes plasticas.

Cada um se julga livre de revelar a natureza, segundo o proprio sentimento libertado. Cada um é livre de criar e manifestar o seu sonho, a sua fantasia intima desencadeada de toda regra, de toda sancção. O canon e a lei são substituidos pela liberdade absoluta, que nos revela, por entre mil extravagancias, maravilhas que só a liberdade sabe gerar.

Ninguem pode dizer com segurança onde o erro ou a loucura na arte, expressão do estranho mundo subjectivo do homem. O nosso julgamento será subordinado aos nossos variaveis pre-conceitos. O genio se manifestará livremente, e esta independencia é uma magnifica fatalidade, e contra ella não prevalecerão as academias, as escolas, as arbitrarias regras do bom gosto e do infecundo bom senso. Temos que acceitar como uma força inexoravel a arte libertada.

A nossa actividade espiritual se limitará a sentir na arte moderna a essencia da arte, aquellas emoções vagas transmittidas pelos nossos sentidos e que levam o nosso espirito a se fundir no Todo infinito. Este subjectivismo é tão livre que pela vontade independente do artista se torna no mais desinteressado objectivismo, em que desapparece a determinação psychologica.

Seria a pintura de Cézanne, a musica de Strawinsky, reagindo contra o lyrismo psychologico de Debussy procurando commo já se observou, manifestar a propria vida do objecto no mais rico dynamismo, que se passa nas coisas e na emoção do artista.

Esta talvez seja a acceitação da moda, porque nesta arte moderna tambem ha a vaga da moda, que até certo ponto é uma privação da liberdade. A tyrannia da moda declara Debussy envelhecido e sorri do seu subjectivismo transcendente. A tyrannia da moda reclama a sensação forte e violenta da interpretação constructiva da natureza, pondo-se em intima correlação com a vida moderna na sua expressão mais real e desabusada.

O intellectualismo é substituido pelo objectivismo directo que, levado ao excesso transbordará do cubismo ao dadaismo. Ha uma especie de jogo divertido e perigoso, e por isso seductor, da arte que zomba da propria arte. Desta zombaria está impregnada a musica moderna que na França se manifesta no sarcasmo de Eric Satie e que o grupo dos "seis" organisa em attitude.

Nem sempre a factura desse grupo é homogenea, porque cada um dos artistas obedece fatalmente aos impulsos mysteriosos do seu proprio temperamento, e assim mais uma vez se confirma a caracteristica da arte moderna que é a do mais livre subjectivismo. É prodigioso como as qualidades fundamentaes da raça persistem nos poetas e nos outros artistas.

No Brasil, no fundo de toda a poesia, mesmo liberta, jaz aquella porção de tristeza, aquella nostalgia irremediavel que é o substracto do nosso lyrismo. É verdade que ha um esforço de libertação dessa melancolia racial, e a poesia se desforra na amargura do humorismo, que é uma expressão de desencantamento, um permanente sarcasmo contra o que é e não devia ser, qual uma arte de vencidos.

Reclamemos contra essa arte imitativa e voluntaria que dá ao nosso "modernismo” uma feição artificial. Louvemos aquelles poetas que se libertam pelos seus proprios meios e cuja força de ascenção lhe é intrinseca. Muitos delles se deixaram vencer pela morbidez nostalgica ou pela amargura da farça, mas num certo instante o toque da revelação lhes chegou e eil-os livres, alegres, senhores da materia universal, que tornam em materia poetica.

Destes libertados da tristeza, do lyrismo e do formalismo temos aqui uma pleiade. Basta que um delles cante, será uma poesia estranha, nova, alada e que se faz musica para ser mais poesia. De dois delles, nesta promissora noite, ouvireis as derradeiras "imaginações".

Um é Guilherme de Almeida, o poeta de "Messidor", cujo lyrismo se distilla subtil e fresco de uma longinqua e vaga nostalgia de amor, de sonho e de esperança, e que, sorrindo, se evola da longa e doce tristeza para nos dar nas "Canções Gregas" a magia de uma poesia mais livre do que a Arte.

O outro é o meu Ronald de Carvalho, o poeta da epopéa da "Luz Gloriosa" em que todo o dynamismo brasileiro se manifesta em uma fantasia de côres, de sons e de fórmas vivas e ardentes, maravilhoso jogo de sol que se torna poesia!

A sua arte mais aerea agora, nos novos "Epigrammas", não definha no frivolo virtuosismo que é o folguedo do artista. Ella vem da nossa alma, perdida no assombro do mundo e é a victoria da cultura sobre o terror, e nos leva pela emoção de um verso, de uma imagem, de uma palavra, de um som á fusão do nosso ser no Todo infinito.

A remodelação esthetica do Brasil iniciada na musica de Villa-Lobos. na esculptura de Brecheret, na pintura de Di Cavalcanti, Annita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, e na jovem e ousada poesia, será a libertação da arte dos perigos que a ameaçam, de inoportuno arcadismo academismo е do provincianismo.

O regionalismo pode ser um material literario, mas não o fim de uma literatura nacional aspirando ao universal. O estylo classico obedece a uma disciplina que paira sobre as coisas e não as possue.

Ora, tudo aquillo em que o Universo se fragmenta é nosso, são os mil aspectos do Todo, que a arte tem que recompor para lhes dar a unidade absoluta. Uma vibração intima e intensa anima o artista neste mundo paradoxal que é o Universo brasileiro, е ella não se póde desenvolver nas formas rijas do arcadismo, que é o sarcophago do Passado.

Tambem o "academismo" é a morte pelo frio da arte e da literatura. Ignoro como justificar a funcção social da Academia. O que se póde affirmar para condemnal-a é que ella suscita o estylo academico, constrange a livre inspiração, refreia o jovem e ardego talento que deixa de ser independente para se vasar no molde da Academia.

É um grande mal na renovação esthetica do Brasil e nenhum beneficio trará á lingua esse espirito academico, que mata ao nascer a originalidade profunda, e tumultuaria da nossa floresta de vocabulos, phrases e idéas. Ah! se os novos escriptores não pensassem na Academia, se elles por sua vez a matassem em suas almas, que descortino immenso para o magnifico surto do genio, emfim liberto de mais este terror.

Esse "academismo" não é só dominante na literatura. Tambem se estende ás artes plasticas e á musica. Por elle tudo o que a nossa vida offerece de enorme, de esplendido, de immortal, se torna mediocre e triste. Onde a nossa grande pintura, a nossa esculptura e a nossa musica, que não devia esperar o advento da arte de Villa-Lobos para ser a mais sincera expressão do nosso espirito divagando no nosso fabuloso tropical?

E, no emtanto, eis a paisagem brasileira. É construida como uma architetura, são planos, columnas, massas. A propria cor da terra é uma profundidade, os vastos horizontes absorvem o ceu e dão a perspectiva do Infinito. Como ella provoca a transposição pela arte, que lhe dê no maximo realismo a mais alta idealidade! Eis as nossas gentes. Sáem das florestas ou do mar.

São os filhos da terra, moveis ageis como os animaes cheios de pavor, sempre em desafio do perigo e, no impulso do sonho, allucinados pela imaginação, caminhando pela terra na ancia de conhecer e possuir. Onde a arte que transfigurou genialmente essa perpetua mobilidade, essa progressão  infinita da alma brasileira?

Da libertaçao do nosso espirito sahirá a arte victoriosa. E os primeiros annuncios da nossa esperança são os que offerecemos aqui á vossa curiosidade. São estas pinturas estravagantes, estas esculpturas absurdas, esta musica allucinada, esta poesia aerea e desarticulada. Maravilhosa aurora!

Deve-se accentuar que, excepto na poesia, o que se fez antes disto na pintura, na esculptura e na musica é inexistente. São pequenas e timidas manifestações de um temperamento artistico apavorado pela dominação da natureza, ou são transplantações para o nosso mundo dynamico de melodias mofinas e languidas, marcadas pelo metro academico de outras gentes.

O que hoje fixamos não é a renascença de uma arte que não existe. É o proprio commovente nascimento da arte no Brasil, e como não temos felizmente a perfida sombra do passado para matar a imaginação, tudo promette para uma admiravel "florada" artistica. E, libertos de todas as restricções, realisaremos na arte o Universo. A vida será, emfim, vivida na sua profunda realidade esthetica. O proprio Amor é uma funcção da arte, porque realisa a unidade integral no Todo infinito pela magia das formas do ser amado.

No universalismo da arte estão a sua força e a sua eternidade. Para sermos universaes, façamos de todas as nossas sensações expressões estheticas que nos levem a anseiada unidade cosmica. Que arte seja fiel a si mesma, renuncie ao particular e faça cessar por instantes a dolorosa tragedia do espirito humano, desvairado no grande exilio da separação do Todo, e nos transporte pelos sentimentos vagos das formas, das cores, dos sons, dos tactos e dos sabores á nossa gloriosa fusão no Universo."

Essa conferencia, multo applaudida, foi illustrada com varios numeros de musica de autores modernistas, interpretados pelo sr. Ernani Braga, e versos recitados pelos srs. Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, que causaram excellente impressão no auditorio. As palavras do sr. Graça Aranha explicam sobejamente os fins dessa iniciativa artistica e nos dispensam de mais pormenores.

Passemos, pois, á execução da parte musical que se lhe seguiu. Confiada a artistas de grande talento como Alfredo Gomes, Paulina d'Ambrosio e F. Lima Vianna, revelou-nos um artista de notavel envergadura e excepcional temperamento - o Sr. Villa-Lobos.

A segunda parte iniciou-se com dois numeros de piano do sr. Villa-Lobos finamente interpretados pelo sr. Ernani Braga. Em seguida o sr. Ronald de Carvalho fez uma dissertação sobre as modernas correntes estheticas na pintura e na esculptura no Brasil. Esse interessante trabalho em que o autor, com grande modestia, attribuiu a alguns jovens artistas as suas proprias ideas sobre arte.

Affirmando o caracter eclectico da moderna pintura brasileira, mas accentuadamente nacional nos seus caracteristicos fundamentaes e na sua concepção, se bem comprehendemos as suas palavras, pareceu a alguns um pouco contradictorio com as affirmaçães de certos corypheus desse movimento por muitos denominado futurista. Mas, evidentemente o engano deve ser nosso.

Ainda nesta segunda parte a musica teve papel saliente. Foi profunda a impressão causada pelas dansas africanas. Sem diminuir os meritos do autor, póde-se dizer que os interpretes muito contribuiram para esse exito.

A exposição de pintura e esculptura ficará aberta até o dia 17 do corrente no saguão do Municipal.

O segundo festival realisar se-á amanhan.

>> Estadão - 15/2/1922

SEMANA DE ARTE MODERNA

Deve realizar-se hoje, no Theatro Municipal, o segundo espectaculo da Semana de Arte Moderna. Somos informados de que a illustre pianista patricia senhorita Guiomar Novaes, que tomará parte nesse festival, dirigiu aos membros da commissão patrocinadora da Semana de Arte Moderna a seguinte carta:

"Exmos. srs. membros do comité patrocinador da Semana de Arte Moderna - Saudações.

Em virtude do caracter bastante exclusivista e intolerante, que assumiu a primeira festa de arte moderna, realisada na noite de 13 do corrente no Theatro Municipal, em relação ás demais escolas de musica, das quaes sou interprete, e admiradora, não posso deixar de aqui declarar o meu desaccôrdo com esse modo de pensar.

Senti-me sinceramente contrariada com a publica exhibição de peças satyricas allusivas á musica de Chopin.

Admiro e respeito todas grandes manifestações de arte, independente das escolas a que ellas se filiem, e foi de accôrdo com esse meu modo de pensar que, accedendo ao convite que me foi feito tomarei parte num dos festivaes de Arte Moderna. Com toda a consideração -  (a) G. Novaes."

No programma do espectaculo de hoje, figura uma palestra do sr. Menotti del Picchia, illustrada com poesias e trechos de prosa, e dansas. Ainda na primeira parte, a illustre pianista Guiomar Novaes executará peças de E. R. Blanchet, Villa Lobos e Debussy.

No intervallo, o sr. Mario de Andrade fará uma palestra no saguão.

Constam da segunda parte poesias pelo sr. Renato de Almeida, numeros de canto pelo sr. Frederico Nascimento Filho e trechos de musica pelo quarteto, composto de Paulina D'Ambrosio, George Marinuzzi, Orlando Frederico e Alfredo Gomes.

 

>> Estadão - 16/2/2022

SEMANA DE ARTE MODERNA

Realisou-se hontem no Theatro Municipal o segundo festival da "Semana de Arte Moderna". Uma boa concorrencia para a qual certamente contribuiu em grande parte a inclusão no programma do nome da nossa illustre pianista Guiomar Novaes.

Iniciou-se o sarau com a conferencia do sr. Menotti del Picchia. Pouco a pouco a atmosphera do theatro foi-se transformando com a collaboração das galerias, a ponto de lembrar em certos momentos a famosa noite de estréa de Tortola Valencia. Talvez isso tambem estivesse nas intenções dos promotores da reunião, embora não figurasse no programma.

Espontanea manifestação da galeria ou claque de novo genero, o certo é que as phrases e attitudes menos respeitosas attingiram algumas vezes artistas respeitaveis pelo seu talento e o seu passado, que collaboravam no festival. Mas, para os "verdadeiros modernistas", o passado das nações ou dos individuos, não conta... Não se lhes póde negar, nisso ao menos, uma certa logica...

Só a senhorita Guiomar Novaes conseguiu ser ouvida em silencio profundo, mesmo quando executava esse "archaico musicista" chamado Debussy, naturalmente uma perfeita nullidade para os que querem iniciar a Nova Era...

Amanhan o terceiro e ultimo festival consagrado ao compositor Villa-Lobos.

A exposição de pintura e esculptura está aberta no saguão do theatro durante o dia.

>> Estadão - 17/2/2022

SEMANA DE ARTE MODERNA

No Theatro Municipal, realisa-se hoje, á noite, o ultimo festival da “Semana de Arte Moderna”, com o concurso do distincto compositor patricio sr. H. Villa-Lobos.

A exposição de pintura, esculptura e architetura será também encerrada hoje.

>> Estadão - 17/2/2022

A MUSICA DE VILLA LOBOS

A arte é uma aspiração á liberdade. O que nós poetas, musicos, pintores, esculptores e architectos desejamos é criar o nosso rythmo pessoal, é transmittir a nossa harmonia interior. Cada um de nós é um instrumento por onde passa a corrente da vida.

Não queremos regras nem admittimos preconceitos. Não nos attraem as theorias especiosas. A logica do artista não cabe nas fronteiras de um theorema, a logica do artista é um problema cujos dados mudam a cada instante, e cuja solução varia, de momento a momento.

Para empregar uma simples e admiravel imagem de Nietzsche, "dansamos acorrentados", dansamos sobre as coisas sem que a ellas nos adaptemos, mas, ao revés, tirando do espectaculo do mundo a substancia da criação. A obra de arte não repete, mas adivinha e transforma a Natureza. O artista é um transfigurador. Recebe a energia da vida e, em troca, dá-lhe a forma.

Essa forma tem sido o tormento dos criticos e esthetas puros. Fixal-a numa lei de constancia foi sempre a sua preoccupação fundamental. Não ha, porém, como classifical-a. Quando muito, chegaremos a distinguir, em determinada época, certos grupos de imitadores seguindo uma dada orientação. Essa poderá ser classica, romantica ou impressionista, conforme a predominancia de algumas caracteristicas mais ou menos definidas. Mas um grupo de imitadores não quer dizer um artista.

O artista é um phenomeno singular, é uma luz. Os outros são prismas, simples refracções. A forma do artista nasce e morre com elle, é o que elle tem de mais intimo, o instrumento que o exprime. Esse instrumento é a somma de multiplas experiencias que só elle poderia realisar, é a propria vida, segundo elle a viu, a comprehendeu e traduziu. Como, pois, fazer da excepção uma regra geral?

Quando ouvimos affirmar que Beethoven é classico, e Stravinsky impressionista, que Byron é romantico e Verlaine symbolista, longe de esclarecidas vemos complicadas as coisas. Em logar da excepção vislumbramos a regra geral. O homem passa, por artificio inutil, a ser substituido pela especie. A especie romantica explica Byron, a classica Beethoven, e assim por diante.

Está ahi por que vivem o critico puro e o artista num perpetuo equivoco. Sem systemas não se alimenta aquelle, definha este quando o mettem num systema. A natureza commove e espanta o artista porque elle não quer imital-a, se não fundir o seu rythmo no rythmo universal. O critico tenta dominal-a, porquanto a considera como um problema capaz de ser resolvido por analyses subtis; o que este faz com a natureza, pretende, por igual, fazer com a arte. Quer explical-a, applicando-lhe a formula da sua equação pessoal.

Quando asseveram, por exemplo, que musica de Villa-Lobos é um puro artificio de timbres e sonoridades sem harmonia, dispostos caprichosamente, ao sabor de uma fantasia desmedida, ou que falta, ás télas de Van Dongen uma construcção precisa, estamos em presença do famoso equivoco entre o critico e o artista.

Villa-Lobos sente a vida como uma criação continua. Sua arte é masculina, imperiosa; estabelece uma série de problemas que somos obrigados a resolver rapidamente, como se estivessemos ante a multiplicidade das massas de uma paisagem vista de um aeroplano. Elle comprehende a realidade como uma successão continua de instantes, onde cada instante se degrada em um torvelinho de movimentos infinitos. Elle não quer ser novo nem antigo, mas simplesmente Villa-Lobos. Para exprimir o turbilhão vital, inventa os rythmos que os motivos quotidianos lhe suggerem. Sua logica está na forma que, de espaço a espaço, surge enriquecida e renovada da sua sensibilidade.

O tecido de seu contraponto é opulento, cheio de combinações inesperadas e originaes, o mesmo acontecendo com os seus ornamentos harmonicos de uma simplicidade requintada. Essa riqueza de technica, entretanto, só lhe dá mais força á inspiração, pois lhe offerece uma somma de recursos enorme. Seus desenvolvimentos não são repetições mais ou menos mascaradas, não são desenvolvimentos exteriores, mas logicos e profundos.

O desenho melodico de Villa-Lobos revela uma intelligencia aguda, mordaz, um espirito agil que vôa e revôa sobre o espectaculo universal, sem se fixar, sem se deixar prender um só minuto. Elle não conseguiria ver a realidade tão intensamente, se acceitasse a receita imposta pelo critico. Assim, não a fragmenta, não a divide artificialmente em partes boas e más, mas a subjuga inteiramente.

Mostra-se, ao mesmo tempo, um caricaturista e um decorador, um satirico e um poeta cheio de melancolia. Interessa-lhe toda a realidade. Combina, as vezes, o ridiculo e a dor com um poder de emoção e uma opulencia de imagens realmente admiraveis.

No "Quartetto Symbolico" podereis apreciar esse aspecto do seu temperamento. É uma pagina em que a imaginação e o raciocinio se equilibram constantemente. Ha nessa peça extraordinaria, além das qualidades de colorido e sobre o luxo de instrumentação, peculiares ao seu engenho, um profundo commentario das vaidades humanas, feito num claro-escuro de ironia, remoque e piedade, á maneira de um "capricho" de Goya, ou de um desenho agudo de Beardsley.

Baseia-se a composição desse Quartetto em dois motivos: um de magua, de penetrante melancolia, que se desenvolve principalmente no Andantino, e apparece, aqui e alli, em todas as partes da obra, e outro de "humour", de inquieta e crua mordacidade, que se mistura, num riso claro de flauta, celeste e saxophonio, á phrase nostalgica da harpa e das vozes instrumentadas. Ha ahi um pouco da tristeza do criador em face das criaturas, um pouco daquelle “Albatroz” de Baudelaire.

Villa-Lobos ama a vida. Procura nos seus aspectos raros ou triviaes a substancia da sua arte. Aos que o julgam apressadamente dá apenas uma idéa de exuberancia plastica, de fulgor impressionista. Parece que só a superficie tumultuosa da realidade o emociona. Nada mais erroneo, entretanto.

De baixo de todas aquellas fantasias de cor, sob aquelle caprichoso desenho de imagens multiplas e successivas, que se cruzam e se mesclam umas ás outras, corre uma grande e volumosa torrente de idealismo superior. Não existe em toda a nossa literatura musical uma inventiva tão prompta, estranha e suggestiva como a sua. Elle é, sobretudo, um criador de ambientes, de mundos e paisagens espirituaes.

Os themas que o inspiram são meros pontos de referencia, onde, de trecho a trecho, paira uma fantasia mobil como a onda. Sua arte é um continuo milagre de imprevistos e surpresas. Transmitte-nos, ora, rapidas annotações da existencia quotidiana, da graça ou da amargura das coisas, como na série deliciosa das "Historietas", e nos "Epigrammas" ou, como no "Terceiro Trio", o grito desesperado do instincto diante da realidade mysteriosa do universo.

Mau grado o fausto da sua obra, nota-se nella, desde logo, um sincero pendor para a simplicidade das linhas e para a franqueza da expressão. A opulencia nelle não é redundancia, o enthusiasmo não é eloquencia. Ri-se, por vezes, à guisa de Rabelais, com aquelles accentos barbaros e abundantes, aquella veia inestinguivel, aquella saude moral da musa pantagruelica.

Senta-se no banquete dos homens, e diverte-se como um gigante bom, coroando-se de pampanos e rosas, esmagando a uva macia nas mãos potentes. Mas, de subito, á semelhança de Ariel, sobe no vapor dos vinhos, adeja no ar, rufia as azas leves e luminosas, e desapparece, sorrindo, num motejo subtil…

A musica de Villa-Lobos e uma das mais perfeitas expressões da nossa cultura. Palpita nella a chamma da nossa raça, do que ha de mais bello e original na raça brasileira. Ella não representa um estado parcial da nossa psyché. Não é a indole portugueza, africana ou indigena, ou a simples symbiose dessas quantidades ethnicas que percebemos nella. O que ella nos mostra é uma entidade nova, o caracter especial de um povo que principia a se definir livremente, num meio cosmico digno dos deuses e dos heróes.

Para que Villa-Lobos pudesse realisal-a, tornava-se mister, justamente, que possuisse esse dom de humanidade, ou melhor, de universalidade, proprio do criador. Mercê de Deus, elle não lembra Beethoven, nem Wagner, nem Chopin, nem Debussy, nem Bach, nem Rimsky Korsakof, nem Satie. Seu canto não se perde na massa coral. Vibra insulado, unico, singular.

Villa-Lobos veio demonstrar , mais um vez, que a verdadeira tradição em arte, é o respeito á antiguidade e o horror aos methodos do passado. Somente se renova aquelle que tem a coragem de se libertar. Veneremos os antigos, e como prova do nosso amor, não os imitemos.

Ronald de Carvalho

 

>> Estadão - 18/2/1922

 

SEMANA DE ARTE MODERNA

No Theatro Municipal, realizou-se hontem o festival de encerramento da Semana de Arte Moderna.

Constou o espectaculo de varias peças do distincto compositor patricio sr. H. Villa-Lobos, as quaes foram finamente executadas por artistas de talento. Ernani Braga, Alfredo Gomes. sra. Paulina d'Ambrosio, Lima Vianna, Maria Emma, Lucilia Villa-Lobos, Pedro Vieira e Antão Soares.

As peças executadas impressionaram bastante o auditorio, embora seja difficil, numa primeira audição, apreciar todas as qualidades do compositor. Naturalmente, pelo seu incontestavel valor, essas obras serão novamente executadas em S. Paulo, em circumstancias que melhor permittam a sua comprehensão pelo publico. O jovem e talentoso musicista receberá então o justo premio devido ao seu talento.

Leia também:

>> O artigo de Monteiro Lobato contra Anita Malfatti em 1917

>> Lugares: Teatro Municipal de São Paulo

+ ACERVO

> Veja o jornal do dia que você nasceu

> Capas históricas

> Todas as edições desde 1875

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.