Afastado, Collor tentou acordo para não ser cassado

Liz Batista

17/04/2016 | 23h13   

Ex-presidente apostou na tática de renunciar, mas Senado manteve processo

O Estado de S.Paulo- 03/10/1992  

 

Após o processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello ter sido aprovado na Câmara do Deputados em 29 de setembro de 1992, 91 dias transcorreram até sua aprovação no Senado. Nesse período, Collor foi afastado da Presidência até a votação no Congresso e seu vice Itamar Franco assumiu a chefia do Executivo. Collor deixou o cargo acusando os opositores de “golpe civil” e alegando inocência contra as acusações de corrupção. Com as pesquisas indicando derrota também no Senado, tentou, sem sucesso, negociar uma renúncia que colocasse fim ao processo para não ter os direitos políticos cassados. Mas, desgastado com as denúncias irrefutáveis de corrupção, não achou base para um acordo. 

Além das denúncias já conhecidas, nesse período, a Polícia Federal entregou a conclusão do laudo do Esquema PC Farias. Baseado nos arquivos recuperados do computador de Paulo César Farias, os documentos encontrados pela PF foram qualificados como um manual de corrupção. O clima era tão desfavorável, que mesmo tendo a prerrogativa de poder se defender pessoalmente no senado, Collor preferiu não se arriscar e não compareceu ao Congresso.

O impeachment foi ao Senado em 29 de dezembro de 1992. Para tentar se livrar da pena de inelegibilidade, Collor renunciou, pouco antes da votação. Mesmo assim, a Casa seguiu com o processo e votou pela cassação. Ele tem os direitos políticos suspensos por oito anos.  

 Itamar. Sem partido desde maio de 1992 ,quando deixou o PRN após divergências sobre as indicações ministeriais de Collor, Itamar Franco assumiu a Presidência interinamente. Chegou ao Planalto sem base consolidada e enfrentou dificuldades para formar o Ministério. Com as eleições presidenciais de 1994 em vista, partidos como o PT e o PMDB optaram por ficar fora do governo. A base foi garantida pelo PSDB, que assim pavimentaria um caminho para a sucessão presidencial com Fernando Henrique Cardoso.

O Estado de S.Paulo-  01/10/1992 e 03/10/1992

   

Em seu discurso de posse, Itamar declarou que a nação poderia estar certa que não haveriam corruptos em seu governo. A definição de um nome para o Ministério da Fazenda foi marcada por impasses, até a indicação do deputado Gustavo Krause (PFL) para a pasta. A definição não amenizou a crise. As bolsas fecharam em baixa, enquanto o dólar e o ouro registraram altas.  

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