Bonnie e Clyde: o mais clássico dos amores bandidos

Liz Batista

23/05/2014 | 13h33   

Oitenta anos após sua morte, casal de criminosos ainda exerce fascínio e curiosidade

Clyde Barrow e e Bonnie Parkes, em fotografias encontrada pela polícia no esconderijo do casal. Foto: Divulgação

Foi numa estrada da Luisiana, Estados Unidos, que os dias de crime de Clyde Barrow e Bonnie Parker chegaram ao fim. Em 23 de maio de 1934, o casal foi emboscado e morto por policiais. Com uma ficha policial que incluía dezenas de assaltos a banco, roubos, sequestros e assassinatos, Clyde e Bonnie se tornaram o casal  inimigo público número um da América. As vezes agiam sozinhos, ou como parte da  Sangrenta Gangue Barrow, bando do qual o irmão mais velho de Clyde, Buck Barrow era líder. Durante a depressão econômica iniciada em 1929, os bandidos aterrorizam as regiões centrais do país. Com ações que envolviam pesados tiroteios e fugas espetaculares, ganharam fama nos jornais. Cada novo ato criminoso narrado pela imprensa fazia crescer no público o medo e o fascínio pelo casal.

Naquele período, as violações cometidas pelos gângsteres eram febre no noticiário americano. Em 1934, chegavam ao Brasil as notícias sobre a crescente criminalidade nos Estados Unidos. Em 04 de fevereiro daquele ano, o Estado publicou nota tratando dos “numerosos actos criminosos” no país.

A fama. A história de amor e crime de Bonnie e Clyde já foi retratada no cinema, no teatro, na TV,  em livros e músicas. Os personagens foram usados em várias publicidades, de bebidas  a roupas infantis, e serviram de inspiração para a indústria da moda. Em 1997, a camisa que Clyde usava quando foi surpreendido e morto pela polícia foi arrematada por US$ 85 mil, num leilão que negociava as relíquias do casal.

 
O Estado de S.Paulo - 16/4/1997

 

Mas foi mesmo o cinema o maior responsável por imortalizar e dar fama internacional ao casal de outsiders . O filme de Arthur Penn, Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas, chegou às telas em 1967. Warren Beatty e Faye Dunaway - interpretaram a dupla. Gene Hackman, que  também participou do filme, interpretou Buck, irmão de Clyde. O filme recebeu 7 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção, Melhor Ator e Melhor Atriz.

Com uma estética glamourizada dos foras da lei - Clyde Barrow  e  Bonnie Parker pouco lembravam o charmoso Beatty ou a bela Dunaway - o filme virou sucesso e se tornou um clássico. Os anti-heróis apaixonados capturaram o imaginário da juventude americana do final dos anos de 1960, mergulhada nos movimentos de contracultura e desiludida com a guerra do Vietnã.

No filme, a afronta do casal ao sistema ia além do crime. Tinha sua força na recusa de enquadrar-se nas soluções propostas pela sociedade no período da Grande Depressão. Eles não aceitavam as caridades assistencialistas dos magnatas que conseguiram se salvar do crack de 29. Tão pouco, buscaram ser alçados novamente à parcela economicamente ativa e empregada, graças aos fomentos do New Deal. Para Bonnie e Clyde a solução era individual, sedutoramente rebelde e abertamente bandida.

Faye Dunaway e Warren Beatty em cena do filme 'Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas' de 1967. Foto: Divulgação

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