Brasil e Iraque assinaram acordo nuclear em 1980
Liz Batista - O Estado de S.Paulo
07/01/2020 | 12h55   
Acerto estremeceu relação com Israel, mas foi abalado pela guerra Irã-Iraque
A notícia de um acordo nuclear entre o Brasil e Iraque, em 07 de janeiro de 1980, estremeceu as relações do País com Israel e elevou os temores de um conflito atômico no Oriente Médio. Entre as promessas feitas por Bagdá em troca da importação de urânio e cooperação científica brasileira, estava a garantia de abastecimento de petróleo, a compra de armamentos e contratos para prestações de serviços, construções de estradas e hotéis com empresas brasileiras.
A possibilidade de garantir o abastecimento do País era promissora para o governo do general João Baptista Figueiredo - o último presidente da ditadura militar. O Brasil ainda vivia os impactos da crise do petróleo na década de 1970. Os choques de 1973 e 1979 haviam ajudado a compor o precário cenário da econômica brasileira na década de 1980, com encolhimento do PIB, moratória e inflação galopante.
Diante da reação internacional, o Itamaraty apressou-se em em informar que a colaboração prevista não abrangeria “o fornecimento de material ou tecnologia sensível, como transferência de instalações ou de know-how para enriquecimento ou reprocessamento de urânio, nem o fornecimento de urânio de alto teor de enriquecimento.”
As ressalvas não foram suficientes para contemporizar a relação com Israel, que considerou o Brasil “fornecedor de urânio e de tecnologia nuclear ao Iraque”, como mostra matéria do Estadão de 17 de julho de 1980. A situação se tornou ainda mais sensível após um oficial dos serviços de inteligência de Israel declarar à Comissão de Defesa e Relações Exteriores do Parlamento que talvez já no próximo ano o Iraque poderia dispor de sete ou oito bombas atômicas.
Em setembro do mesmo ano, com o início da guerra Irã-Iraque, veio a suspensão do fornecimento diário de 400 mil barris de petróleo ao Brasil.
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