Como era São Paulo sem o Minhocão
Rose Saconi
31/05/2013 | 14h28   
Avenida São João, repleta de cinemas e teatros, conheceu a degradação com o elevado
Avenida São João antes da construção do elevado. Antonio Aguillar/Estadão
Nos anos 1930 e 1940 a São João, no centro, era a 'Quinta Avenida' do paulistano e um dos redutos da boemia da cidade. Além de grande número de cinemas, o local contava com boas casas residenciais e lojas comerciais requintadas. No dia 1 de abril de 1958, o Estado trazia o anúncio de lançamento do edifício Lucerna,“Moderníssimos apartamentos em plena Cinelândia”, era o apelo da propaganda para a então valorizada região central da cidade de agitada vida cultural que viria a perder o glamour com a construção do Minhocão.
Alguns dos bairros ao redor do Minhocão, como Santa Cecília e Higienópolis, foram escolhidos pelos barões do café para a construção de mansões e palacetes no início do século 20. Casarões, já com garagens, eram ocupados por pessoas de classe média alta. Nas ruas, cavalheiros de terno e mulheres bem vestidas. Mas no fim da década de 1950, com a avenida Paulista já recebendo os primeiros edifícios e conjuntos comerciais, a região começou a dar os primeiros sinais de deterioração. A construção do Minhocão acentuou a degradação da região e provocou drástica desvalorização imobiliária. Antes mesmo da inauguração, as placas de 'vende-se' lotavam as fachadas dos prédios da São João. Foi o que registrou a reportagem "Elevado, o triste futuro da avenida", publicada em 1 de dezembro de 1970.

A construção do elevado em abril de 1970. Arquivo/Estadão
Presente. O projeto do elevado São João teve origem na administração do prefeito Faria Lima (1965/1969). Foi apresentado a ele pelo arquiteto Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirardi, que o recusou. O projeto foi retomado pelo prefeito biônico Paulo Maluf. Foi construído a toque de caixa, em apenas 11 meses. Maluf tinha pressa, seu mandato era de apenas dois anos, com era o de todos os prefeitos indicados durante a ditadura militar. Em menos de uma ano a população viu surgir uma obra monumental que passava entre os prédios e recebera o nome de Elevado Costa e Silva, em homenagem ao segundo presidente da ditadura militar. A via elevada, que prometia uma ligação rápida entre as zonas leste e oeste, foi entregue aos paulistanos no dia 25 de janeiro de 1971 - como um 'presente' do prefeito. Curiosamente, naquele dia um carro quebrado provocou congestionamento, como acontece até hoje (ver foto abaixo).
Minhocão ficou congestionado no primeiro dia. Foto publicada na edição de 26/1/1971 Acervo/Estadão
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