Como era São Paulo sem Sesc Pompéia

Rose Saconi

01/11/2013 | 11h10   

Revitalizado por Lina Bardi, prédio do centro cultural já foi fábrica de tambores e geladeiras

 

Fábrica, onde hoje funciona o Sesc Pompéia, abandonada em 1972. Foto: Paquito/Divulgação

Até o final do século 19, na região conhecida como Chácara Bananal, haviam apenas estábulos e poços. Em 1911, por 260 contos de réis, a Companhia Urbana Predial comprou neste local um terreno, que posteriormente foi vendido para a empresa alemã Mauser & Cia Ltda. Nos anos 1930 esta empresa construiu ali uma fábrica de tambores de óleo.

A fábrica, construída com base em um projeto inglês, ocupava um ponto cobiçado por qualquer indústria da época: quase de frente para a então avenida Água Branca e à curtíssima distância dos trilhos das antigas estradas de ferro Sorocabana e Santos-Jundiaí. Em 1935 o Estado noticiou um incêndio que destruiu a fábrica de tambores: "Na madrugada de hontem, num depósito da firma Mauser & Cia Ltda, sita á rua Guaycurus, 41, manifestou-se um incendio que destruiu todo o material alli existente (...)".

Durante a Segunda Guerra, a família Mauser retornou à Europa e a Fábrica Nacional de Tambores foi embargada. O prédio, abandonado, foi a leilão. O novo proprietário acabou sendo a Indústria Brasileira de Embalagens (Ibesa) e começou a ser usado como linha de montagem de geladeiras da extinta marca Gelomatic.

Sesc - Quando o Sesc comprou o imóvel, em 1971, a fábrica já estava fechada. O objetivo era construir no local um grande edifício. A boa - e surpreendente - notícia foi dada pelo Estado em 1978 (à esquerda): "A fábrica de geladeiras construída em estilo Manchester, situada na rua Clélia, 93, na Pompéia, comprada pelo Sesc, será restaurada para a implantação de um novo centro cultural. O projeto de restauração, elaborado pela arquiteta Lina Bo Bardi, já foi aprovado pelo presidente do Conselho Regional do Serviço Social do Comércio".

Inauguração - Depois de quatro anos de trabalho da equipe liderada por Lina, a antiga fábrica foi revitalizada e transformada em um novo centro cultural da cidade, inaugurado em abril de 1982 com o nome de Sesc Fábrica Pompéia. A premiada arquiteta enxergou naquele prédio praticamente abandonado, sem grande valor histórico, um grande motivo para desenvolver um projeto que integrasse arquitetura de preservação e cidadania.

O Estado de S. Paulo - 22/8/1982

"Preservar a fábrica é preservar um pedaço da história da cidade, mas um pedaço da história como ela é mesmo, sem disfarces. Nada daquele conceito de que só deve permanecer o que é belo. O que é típico deve ser valorizado. Mesmo que seja simples, como seria obrigatoriamente uma fábrica de tambores", disse a arquiteta ao Jornal da Tarde em 1977, ao iniciar o trabalho.

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