Em 1963, sargentos se levantaram contra inelegibilidade
Liz Batista - O Estado de S.Paulo
06/02/2019 | 00h07   
Revolta militar por maior participação política se instalou em Brasília e foi debelada em poucas horas
Às 2 horas da manhã do dia 12 de setembro de 1963 o levante militar conhecido como Revolta dos Sargentos se instalou em Brasília. Cerca de 650 sargentos, cabos e soldados da Marinha e da Aeronáutica participaram da insurreição motivada pela decisão do Supremo Tribunal Federal de reafirmar a inelegibilidade dos sargentos para mandatos legislativos, prevista na Constituição de 1946. A resolução, que levou à cassação de mandatos dos sargentos eleitos, era contrária à demanda do setor que pedia por maior participação política e que em suas fileiras contava com apoiadores das chamadas reformas de base propostas pelo governo do presidente João Goulart
Liderados pelo sargento da Aeronáutica Antonio Prestes de Paula, os rebeldes ocuparam o edifício do Ministério da Marinha nas primeiras horas da manhã. O Exército agiu rápido. Tanques e tropas de paraquedistas foram deslocados para proteger o Congresso Nacional e formaram “uma barreira compacta de viaturas pesadas na Esplanada dos Ministérios”, dizia a cobertura Estadão. Pouco depois do amanhecer, tropas do Comando Militar de Brasília desalojaram os invasores do prédio da Marina e às 10h30 um comunicado do Palácio do Planalto foi emitido dizendo que todos os serviços públicos estavam restabelecidos e que na capital da República reinava “absoluta tranquilidade”. Um fuzileiro naval e um civil foram mortos durante o levante.
O presidente João Goulart não se encontrava em Brasília, cumpria agenda de compromissos no Sul do País. À noite retornou à capital, e realizou uma coletiva de imprensa assim que desembarcou. À imprensa, afirmou: “quero reafirmar nesta hora que o governo será sempre inflexível na manutenção da ordem e na preservação das instituições, respeitando e fazendo respeitar as decisões dos poderes da República. Neste propósito, não tolerarei a indisciplina nem a insubordinação, venham de onde vierem e qualquer que seja o pretexto em que se inspirem. Somente em clima de segurança e normalidade democrática pode o povo brasileiro concretizar as reformas institucionais que correspondam ás suas aspirações de progresso e justiça social.” O evento dividiu a opinião pública e conferiu munição à oposição que afirmava que o governo Goulart insuflara a ação dos rebeldes. No total 510 militares foram presos.
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