Em 2008, cartões corporativos renderam CPI's
Carlos Eduardo Entini
05/01/2013 | 13h17   
Governo federal aumentou em 129% suas despesas com dinheiro eletrônico
O Estado mostrou nesta reportagem o aumento de 129% nos gastos com os cartões corporativos do governo federal em relação ao ano anterior, 2006. No total pulou de R$ 33 mil para R$ 75,6 mil. Na lista dos ministros que mais gastaram estava a da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Os gastos da ministra, que pediu demissão do cargo, chegaram a R$ 171,5 mil.
Em 31 de janeiro o governo reagiu. Para conter os abusos, anunciou restrição dos saques em dinheiro e a proibição da utilização dos cartões para pagamento de viagens e diárias. A reportagem também revelou que a maior parte dos R$ 71 mil foi com saques.
Em 21 de fevereiro é criada a CPI dos cartões mista, com deputados e senadores, com período de investigação a partir de 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso. Em março, a CPI esquenta quando surge um planilha produzida na Casa Civil com os gastos do ex-presidente FHC e sua esposa, Ruth. O secretário de controle interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, é apontado pela PF como principal suspeito do vazamento do dossiê. Funcionário de carreira do Tribunal de Contas da União (TCU), Aparecido foi levado para a Casa Civil pelo ex-titular da pasta, José Dirceu.
Após pedir exoneração do cargo, Aparecido depõe à CPI e alega que enviou 'por engano' a planilha, e isenta Dilma e Erenice Guerra, (braço direito da ministra) de culpa na elaboração do documento. O episódio do vazamento revelou disputa dentro da Casa Civil entre o grupo de Dirceu e de Dilma, como revelou o Estado na reportagem 'Vazamento de dossiê contra FHC abre guerra dentro da Casa Civil' .
O dossiê levou à criação de outra CPI, agora no Senado. Em junho a CPI mista chega ao fim. Ninguém foi indiciado, e em 139 páginas de relatório, fora os anexos, Luiz Sérgio (PT/RJ) não reconheceu a existência de irregularidades com o uso do cartão corporativo.
Dilma Roussef foi absolvida na Comissão de Ética da Administração Federal que arquivou processo sobre o suposto dossiê. Segundo o Presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, Dilma explicou que fez um banco de dados com muito mais informações que as extraídas e publicadas.
São Paulo. A falta de transparência com cartões corporativos não se restringiu ao governo federal. O governo de São Paulo, também em 2007, registrou R$ 108,4 mil o total de gastos com cartões. Quase a metade do valor, R$ 48 mil, era de saques em dinheiro.
Os cartões corporativos foram introduzidos no governo FHC. O objetivo era facilitar a transparência dos gastos antes feitos por meio de apresentação de notas fiscais, um procedimento de prestação de contas menos transparente.
# Siga: twitter@estadaoacervo | facebook/arquivoestadao | Instagram | # Assine
Comentários
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
- Máx.
- Mín.
- Máx.
- Mín.