Era uma vez em São Paulo: Cine Niterói
Liz Batista
20/03/2015 | 12h07   
Cinema que exibia filmes japoneses ajudou a caracterizar a Liberdade como um bairro oriental

Hall de entrada do Cine Niterói/ Reprodução
Foi através de cinemas como o Niterói que as obras de Kenji Mizoguchi, Tomu Uchida, Masaki Kobayashi, Yasujiro Ozu, Mikio Naruse e Akira Kurosawa se popularizaram no País. Seguindo o sucesso do Cine Niterói, surgiram outros cinemas no bairro de imigrantes japoneses, prontos a colocar em cartaz as sagas dos heróis samurais e as vinganças sangrentas da Yakuza, temida organização mafiosa japonesa. O Cine Tokyo e o Cine Nikkatsu foram inaugurados um ano depois, em 1954, o Cine Nippon em 1959.
Em 1968, o Cine Niterói foi desapropriado para dar espaço para construção da Ponte Osaka. Passou, então, a funcionar na Avenida da Liberdade. Mas, assim como vários cinemas de rua, encerrou atividades, não resistiu às mudanças do mercado e fechou em 1988. Às vésperas do fechamento, muitas latas do acervo do cinema, que tinha quase mil filmes, chegaram a ser vendidas "a preço de bananas", como mostrou matéria do Estado de maio de 1987. As fitas eram compradas por fabricantes de vassouras, que as usavam para endurecer as cerdas do utensílio. A Cinemateca conseguiu salvar 420 filmes do acervo do Niterói. Em 1990, a instituição realizou a mostra Tesouros do Cinema Japonês, onde exibiu as preciosidades salvas da incineração.
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