Guerra levou Japão a abrir mão de sediar Olimpíada de 1940

Liz Batista - Acervo Estadão

24/03/2020 | 16h39   

Conflitos globais e terrorismo; relembre cancelamentos e eventos que cobriram de luto os Jogos

Não é a primeira vez que os japoneses veem seus planos de sediar os Jogos Olímpicos alterados. Além do adiamento da Olimpíada de Tóquio de 2020 para 2021; em 1938, devido à guerra contra a China, o governo japonês abdicou do direito de sediar a Olimpíada de 1940. Em setembro de 1939, com a invasão nazista da Polônia e o início da Segunda Guerra Mundial, a competição acabou cancelada. Foi apenas em 1964 que o Japão realizou o sonho de sediar os Jogos

Nações já viram os Jogos serem suspensos por conflitos que tomaram o globo, como a Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial. Também assistiram, em choque, atentados terroristas serem cometidos durante a competição esportiva criada para celebrar os laços entre diferentes povos; como foi o caso do massacre de atletas israelenses nos Jogos de Munique, na Alemanha em 1972 e da explosão de um bomba durante os Jogos de Atlanta, nos Estados Unidos em 1996. Relembre, através das páginas do Estadão Acervo, alguns desses eventos. 

Primeira Guerra Mundial. Um espetáculo para deixar sua marca na história. Assim, o Império Alemão havia idealizado os Jogos Olímpicos de 1916, que deveriam acontecer no Deutsches Stadion em Berlim, uma estrutura multi-esportiva com capacidade para 30 mil espectadores. O Estádio Alemão foi inaugurado em junho de 1913, um ano antes do início da Primeira Guerra Mundial

Com o agravamento do conflito, os Jogos foram cancelados. Antes das batalhas recrudescerem, as entidades esportivas acreditavam que os combates terminariam perto do Natal de 1914 e o o evento poderia ser retomado. Em 1915, o estádio, que deveria ter sido palco de competições olímpicas, foi transformado em hospital de campanha para atender soldados feridos. A Primeira Guerra Mundial chegou ao  final com a assinatura do armistício de novembro de 1918Mais de 9 milhões de soldados morreram no confronto que envolveu países dos 5 continentes.

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Segunda Guerra Mundial. A Olimpíada de 1940 deveria levar pela primeira vez os Jogos Olímpicos ao Oriente. A honra foi alcançada pelas cidades japonesas de Sapporo (Jogos de Inverno) e Tóquio (Jogos de Verão) em 1936, após o Japão derrotar países ocidentais na disputa para sediar o evento. Em 1937, a guerra entre Japão e China eclodiu e os japoneses abdicaram do direito de sediar os Jogos. Os Jogos foram, então, transferidos para Helsinque, na Finlândia, mas não foram realizados. O início da Segunda Guerra Mundial, com a invasão nazista da Polônia em setembro de 1939, levou ao cancelamento total da competição. Por causa do conflito, a Olimpíada de 1944 também não ocorreu. A guerra chegou ao fim em 1945.

Massacre em Munique. O terror cobriu de luto pela primeira vez a história contemporânea do esporte durante os Jogos de Munique, na Alemanha. Na madrugada de 5 de setembro de 1972, oito terroristas do grupo Setembro Negro, uma dissidência da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), invadiu a Vila Olímpica e fez reféns membros da delegação de Israel. A ação terminou com a morte brutal de 11 atletas israelenses e três terroristas. 

Bomba em Atlanta. Em 27 de julho de 1996, durante os Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos, uma bomba explodiu no Centennial Olympic Park, a poucos metros da Vila Olímpica. A explosão matou 2 pessoas e feriu 112. O ato terrorista levou novamente aos Jogos um sentimento de insegurança e vulnerabilidade. 

 

Na edição de 28 de julho de 1996, o Estadão abriu a cobertura do atentado com o título “ Terror chega a Atlanta”. O correspondente em Washington, Paulo Sotero, narrou como uma bomba caseira havia explodido no Parque Olímpico, local símbolo da Olimpíada americana daquele ano. O Estadão relatou o esforço conjunto dos funcionários dos serviços de emergência da Olimpíada, que  tiveram de usar até carrinhos de golfe para atender os feridos. A cena do local da explosão foi descrita pela chefe do Corpo de Bombeiros de Atlanta: “via-se de tudo, desde joelhos esmagados até corpos cheios de estilhaços.

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