Há 100 anos, Brasil entrava na 1ª Guerra Mundial
Liz Batista
26/10/2017 | 09h55   
Bloqueio naval e ataques a navios nacionais levaram à declaração de guerra contra a Alemanha
O presidente da República, Venceslau Brás, ratifica declarção de guerra à Alemanha, 26/10/1917. Foto: Reprodução
Era uma sexta-feira quando os brasileiros acordaram com a confirmação do torpedeamento de mais um navio por um submarino alemão. Em 26 de outubro de 1917, os jornais traziam as informação sobre o ataque ao vapor cargueiro Macau, na região do Cabo de Finesterra, próximo à Espanha. No mesmo dia, após a aprovação do Congresso Nacional, o presidente da República, Venceslau Brás, assinou o decreto Nº 3.361 declarando guerra ao Império Alemão. O Brasil entrava oficialmente na Primeira Guerra Mundial.
O Estado de S.Paulo - 27/10/1917
Sem estar envolvido nas questões centrais do conflito, parceiro comercial tanto dos membros da aliança germânica quanto dos países Aliados, e a um continente de distância do palco de batalhas, o Brasil sustentou uma posição de neutralidade por pouco mais de três anos antes de tomar uma posição definitiva. O cenário diplomático e da política externa começou a mudar no início de 1917, quando os alemães levantaram um bloqueio naval contra os países aliados da Tríplice Entente e o impuseram através da prática da guerra submarina total. Em flagrante violação às leis de não agressão marítimas, os submarinos alemães passaram a executar ordens de torpedear sem restrição as embarcações que encontrassem pelo caminho, fossem elas inimigas, navios de países neutros, mercantes e de passageiros.
O Estado de S.Paulo - 26/10/1917
A primeira embarcação brasileira atacada foi o Paraná, em 03 de abril de 1917. O ataque aconteceu próximo ao Canal da Mancha e deixou três tripulantes mortos. Quando a notícia do afundamento chega ao Brasil, o País é tomado pela comoção. Enquanto a revolta nas ruas encontrava vazão em atos germanófobos - lojas e comércios de alemães foram depredadas e imigrantes foram perseguidos - grupos demandavam o fim da neutralidade, o rompimento de relações com o Império Alemão e até a imediata entrada do Brasil na guerra.
Em 11 de abril o Brasil rompe relações com a Alemanha. Em maio, mais um navio brasileiro é torpedeado, o Tijuca. A tensão atinge seu pico com o ataque ao Macau em 23 outubro de 1917, agressão que marca a entrada do Brasil na Guerra.
Revista francesa L'Ilustracion, novembro de 1917
“Finalmente, aqui estamos, brasileiros, aliados da França! (...) Foi com alegria e entusiasmo que, em todos os Estados, do Norte ao Sul, do Amazonas até a costa, chegou a notícia de que o Brasil estava em estado de guerra com a Alemanha.”
O Brasil na guerra. Única nação sul-americana a declarar guerra à Alemanha, o Brasil desempenhou um papel restrito e simbólico no conflito. Abriu seus portos às nações aliadas, enviou navios para auxiliar no policiamento do Atlântico, mandou um contingente médico à Europa, expandiu o atendimento do Hospital Franco- brasileiro em Paris, enviou um grupo de 24 oficiais para atuarem no Exército francês e 13 aviadores para a Força Aérea Real inglesa. Esse são os dados oficiais da operação de guerra do Brasil. A história sobre os voluntários brasileiros que se alistaram, lutaram e perderam suas vidas no conflito ainda é pouco conhecida.
Após uma extensa pesquisa no acervo documental do Castelo de Vincennes, em Paris, o Estado conseguiu resgatar preciosas informações sobre parte dos 81 brasileiros engajados para lutar ao lado da Legião Estrangeira em solo francês. Os nomes de alguns desses oficiais e locais onde eles combateram foram publicados no especial de 100 anos do início da início da Grande Guerra publicado pelo Estado em 2014, que pode ser conferido aqui.
Veja também:
# Primeira Guerra Mundial
# Santos Dumont quis participar da 1ª Guerra
# Sérvia é atacada. Começa a Primeira Guerra
# Atentado de Sarajevo: tiros que resultaram em guerra
# Há 100 anos, EUA declaravam neutralidade na Guerra
# Marne, a primeira grande vitória dos aliados
# O dia em que Paris deixou de ser a capital francesa
# Em meio à Guerra, uma pausa para o Natal
# Edith Cavell, a primeira mártir da Grande Guerra
# Batalha de trincheiras marcou a Primeira Guerra
# Massacre de armênios completa 100 anos
# Há 100 anos mulheres impulsionavam Revolução Russa
# Há 100 anos, EUA abandonavam neutralidade e entravam na Primeira Guerra Mundial
#Assine | # Licenciamento de conteúdos Estadão |
# Siga: twitter@estadaoacervo | facebook/arquivoestadao | Instagram |
Comentários
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.