Há 100 anos, Mappin abria a primeira loja
Carlos Eduardo Entini
28/11/2013 | 18h31   
Apesar de ter falido em 1999, loja de departamentos ainda está na memória afetiva do paulistano
Há um século era aberto em São Paulo o Mappin Stores, uma loja que entrou na memória afetiva dos paulistanos. E continua lá, mesmo depois da falência, em 1999. O Mappin começou suas atividades na Rua 15 de Novembro, no centro da cidade, com 40 funcionários e onze departamentos. Em cada um se vendia produtos específicos, por exemplo, roupas para senhoras, senhores, rapazes etc. Mais de 60 anos depois, em 1985, a loja chegou a ter 70 departamentos.
Catálogo onde se vê o prédio da rua 15 de Novembro, a primeira sede da loja em São Paulo
Porém, pouco restou para contar os 86 anos da convivência dos paulistanos com o Mappin, e sobretudo para a história do consumo. Em 1983, um acervo começou a ser organizado após a pesquisa de um livro. O então diretor de marketing da empresa, Fernando Vieira de Mello, encomendou às historiadoras Zuleika Alvim e Solange Peirão uma pesquisa para a publicação de um livro em homenagem aos 70 anos da empresa.
O livro 'Mappin Setenta Anos' foi publicado em 1985. Com a pesquisa surgiu, pela primeira vez no Brasil, segundo a historiadora Vânia Carvalho, do Museu Paulista, a organização de um acervo histórico de uma empresa. Experiência ainda rara no Brasil, diga-se de passagem. Se a coleta dos documentos tivesse sido sistemática (isso vale para outras empresas), hoje poderíamos saber como e o quê um grande varejista vendeu durante décadas, de onde importava, ou seja, teríamos uma história contada através do consumo. Mas, mesmo com essa pequena coleta preservada pode se ter uma ideia dos novos hábitos que o Mappin implantou no comércio.
O Estado de S. Paulo - 6/12/1913
Apesar de ter nascido como uma loja de elite, o Mappin procurou atrair outros clientes, explica Carvalho. Para isso eles colocaram vitrines mais próximas dos clientes e publicaram os preços das peças.
O Estado de S. Paulo - 27/11/1913
O anúncio publicado no Estado, dois dias antes da inauguração, convidando as senhoras para conhecerem a loja, já carregava esse esforço de abertura de horizontes. Em destaque, no pé do anúncio, lia-se "Convidamos as Senhoras para visitarem nossa CASA, sem compromisso de compra". Era a dica para aquelas consumidoras fora da elite que não frequentavam as lojas de moda.
Leia mais: ‘Mappin, venha correndo Mappin, é a liquidação…’
O Estado de S. Paulo - 30/7/1999
O Mappin foi um grande anunciante. Por isso, anúncios publicados nos jornais constituem a maior parte do lote de documentos do acervo. São aproximadamene 60 mil. A coleção 'Mappin' também é composta por 4 mil fotografias, centenas de filmes em vários formatos, 30 catálogos de produtos e o dossiê que reúne o material da pesquisa do livro.
O Estado de S. Paulo - 7/5/2003
Por sorte, a coleção 'Mappin' resistiu à falência da empresa. E passou, a pedido da Justiça, ao Museu Paulista em 2008. O acervo da loja foi o primeiro, e é o único, na instituição paulista de empresas. Atualmente as imagens publicitárias de 1913 a 1940 já estão digitalizadas. Quando o prédio do Museu do Ipiranga for reaberto, espera-se que este conjunto documental possa estar disponível integralmente à consulta pública, diz Vânia Carvalho, historiadora da instituição.
Fusão. O Mappin Stores foi uma fusão das empresas empresas Mappin & Webb, atuando em São Paulo desde 1912 e no Rio de janeiro desde 1911, com John Kitching. A Mappin & Webb era especalista em presentes finos, como pratarias e cristais.
Última modificação em 29/11/ às 15h35.
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