Há 18 anos, uma revolução na economia brasileira
Rose Saconi e Carlos Eduardo Entini
29/06/2012 | 16h42   
Termos como ágio e dragão da inflação são referências históricas para a geração pós-Plano Real
Quem era criança na época do Plano Real não tem ideia de como era conviver com preços que não paravam de subir. Para essa geração, termos como congelamento de preços, desabastecimento, estocagem de alimentos, gatilho salarial, overnight e dragão da inflação são palavras pertencentes a um passado muito distante.
Cultura inflacionária. Entre 1986 e 1993, a população conheceu sete planos econômicos que tinham o mesmo objetivo, derrotar uma velha inimiga: a inflação. As tentativas fracassadas acabaram criando nos brasileiros uma cultura inflacionária. Com medo de perder dinheiro e com a inflação corroendo salários, consumidor corria para comprar antes de novos aumentos.
Reajustes alteravam os hábitos. Os longos anos de convívio com a inflação, sobretudo entre 1980 e 1994, criaram entre os brasileiros hábitos que, para os mais novos, podem parecer, no mínimo, curiosos. Era comum encontrar longas filas nos postos de gasolina às vésperas de cada aumento de preços de combustíveis, geralmente anunciados nas noites de sexta-feira.
Estoques. Muitas famílias passaram a usar freezers para estoque de carne e outros produtos perecíveis. Alguns produtos sumiam das prateleiras dos supermercados e eram comprados com ágio (preço mais alto) no mercado paralelo.
Ágio. A carne passou a ser alvo de especulação. Muitos açougues mantinham as portas fechadas e acertavam as vendas por telefone. Carros novos eram vendidos com ágio.
Os preços nos tempos de inflação. A corrida inflacionária levou o Estadão a publicar a partir de 1993 a seção "Suas Compras", na qual informava semanalmente, aos sábados, a cotação de diversos produtos em vários supermercados e feiras livres da Capital. Algumas variações quinzenais chegavam a mais de 84%.
A máquina de remarcar preços tornou-se um dos símbolos do período de inflação fora de controle

URV. A peça mais sofisticada do Real, foi a criação da Unidade Real de Valor (URV). Ela foi um indexador diário, baseado em três índices de preços, e que também tinha uma paridade fixa, de 1 para 1, em relação ao dólar. A URV conviveria com o hiperinflacionado cruzeiro real de março a junho de 1994 e, em 1.º de julho, o substituiria, rebatizada de real.

Dragão derrotado. Sem o fantasma da hiperinflação, o brasileiro pode conviver com a estabilidade de preços.
Finalmente em 1994, a luz no fim do túnel. Em março, foram fincadas as bases do Plano Real, entre as quais a Unidade Real de Valor (URV) baseada no dólar, com a conversão do cruzeiro novo em real pelo valor da URV de 1.º de julho.
Comentários
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
- Máx.
- Mín.
- Máx.
- Mín.