História das eleições presidenciais em números
Liz Batista e Edmundo Leite - Acervo Estadão
01/10/2022 | 22h19   
Quantos indivíduos ocuparam o cargo? Quantos foram eleitos direta e indiretamente? Quantas mulheres concorreram ao Planalto?
Conheça a história das eleições presidenciais por números, através de páginas, fotos, galerias e vídeos do Acervo Estadão.
131 anos da primeira eleição presidencial
A primeira eleição presidencial do País ocorreu há 131 anos e foi realizada por meio de votação indireta. O Estadão noticiou todas. O marechal Deodoro da Fonseca, que liderou o movimento que instaurou a República em 1889, foi eleito pelo Congresso Constituinte em 25 de fevereiro de 1891, com 129 votos. Num período marcado por crises, o primeiro presidente do Brasil não concluiu nem o primeiro ano do seu mandato.
32 eleições para presidente
Com o pleito de 2 de outubro de 2022, o País terá chegado à sua 32ª eleição. Foram 23 eleições realizadas de forma direta, 8 de forma indireta, dessas, 7 foram realizadas em períodos de exceção, primeiro durante o Estado Novo e depois durante a ditadura militar, quando os brasileiros passaram mais de duas décadas sem votar para presidente.
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42 pessoas foram presidentes do Brasil até hoje
De Deodoro da Fonseca até Jair Bolsonaro, o Brasil teve 42 pessoas diferentes no cargo da Presidência da República, entre eleitos (pelo voto direto ou indireto), vices, presidentes da Câmara, do Senado e do STF que assumiram efetivamente. Na contagem foram incluídos os integrantes das duas juntas militares que chefiaram o governo, após a Revolução de 1930 e durante a ditadura militar.
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Fora da lista ficaram interinos que assumiram diante da ausência temporária do Chefe de Estado. Na contagem não está Tancredo Neves (PMDB). Eleito em 1985, Tancredo faleceu antes de tomar posse. Júlio Prestes, eleito em 1930 e impedido de assumir com a Revolução de 1930 e Pedro Aleixo, vice de Costa e Silva, foi impedido de assumir após a morte de Costa pela Junta militar de 1969.
8 vices assumiram a Presidência - Floriano Peixoto, Nilo Peçanha, Delfim Moreira, Café Filho, João Goulart, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.
3 presidente foram depostos – Washington Luís, Getúlio Vargas e João Goulart
3 foram reeleitos - FHC, Lula e Dilma
2 foram eleitos para diferentes mandatos - Getúlio Vargas e Rodrigues Alves
2 renunciaram – Deodoro da Fonseca e Jânio Quadros
2 morreram durante o mandato – Afonso Pena e Getúlio Vargas
2 morreram antes de assumir – Rodrigues Alves e Tancredo Neves
2 foram depostos- Getúlio Vargas, Goulart
2 sofreram impeachments – Collor e Dilma
1 foi eleito, mas impedido de assumir- Júlio Prestes
1 mulher presidente - Dilma Rousseff
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Zero: nunca houve virada em 2º turno para presidente
Desde 1989, quando o sistema eleitoral de dois turnos foi instituído, os brasileiros participaram de seis segundos turnos em eleições para presidente, e em todas essas ocasiões o segundo colocado da primeira votação não conseguiu virar o jogo e o candidato vencedor do primeiro turno confirmou a vitória no segundo.
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6 segundos turnos
Além de marcar a retomada do voto direto após a redemocratização, a eleição presidencial de 1989 foi a primeira a adotar o sistema de decisão em dois turnos. Desde então, 6 eleições presidenciais foram decididas em segundo turno. A regra, estabelecida pela Constituição de 1988, determina que para se eleger presidente no primeiro turno o candidato precisa obter maioria absoluta, que só é alcançada quando este obtém mais da metade dos votos válidos. Isso não ocorrendo, é realizado o segundo turno, onde apenas os dois candidatos mais votados na primeira votação concorrem, sendo eleito aquele com a maioria dos votos válidos.
1 único candidato conseguiu vencer em 1º turno
Desde a redemocratização apenas um candidato conseguiu vencer as presidenciais em primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso. O tucano obteve a maioria absoluta nas urnas em 1994, teve 54,24% dos votos. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, foi o segundo mais votado, com 27,07% dos votos. Enéas Carneiro, do PRONA, obteve 7,38%. FHC repetiu o feito em 1998, se reelegeu na primeira votação, com 53% dos votos válidos, contra 32% de Lula. Em todas as disputas para presidente que foram ao segundo turno, o PT esteve presente. Venceu 4 vezes, em 2002 e 2006,, Lula foi eleito e reeleito, em 2010 e 2014, Dilma Rousseff.
16 anos, a idade mínima para votar
Obrigatório para os maiores de 18 anos até 70 anos de idade, o voto se tornou facultativo aos jovens a partir dos 16 anos de idade com a aprovação da emenda proposta no plenário da Constituinte, em 2 de março de 1988. Este ano mais de 2 milhões de novos eleitores, de 16 e 17 anos, se cadastraram para votar nas eleições. O TSE registrou de janeiro a abril um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período eleitoral em 2018.
25 anos da urna eletrônica
Em 1995, a Justiça Eleitoral deu início ao programa de modernização do sistema eleitoral com a introdução da urna eletrônica nas eleições municipais do ano seguinte. Técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, do Exército, da Aeronáutica e da Marinha desenvolveram nossa primeira urna eletrônica. Simples de usar, compacta, de fácil transporte e montagem e com um sistema auto suficiente e autônomo, sem fontes externas de energia ou conexão, o que protege a urna de possíveis ataques hackers.
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As urnas eletrônicas estrearam no pleito de 3 de outubro de 1996 e foram usadas em 57 cidades com mais de 200 mil eleitores. O sistema começou cobrindo 35% do total de votos no País e foi nesta eleição que muitos brasileiros usaram um computador pela primeira vez. Em 1932, o uso de uma máquina de votar foi previsto no primeiro Código Eleitoral da História do País.
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90 anos do voto feminino no Brasil
Há apenas 90 anos as mulheres conquistaram o direito ao voto. Foi com a instituição do primeiro Código Eleitoral do País, decretado em 24 de fevereiro 1932, que as mulheres passaram a participar das eleições. Um avanço para a democratização do voto no Brasil, a nova lei também criou a Justiça Eleitoral, adotou o sistema de votação proporcional e instituiu o voto secreto.
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A pressão pelo voto feminino, existente desde os primeiros anos da República, começou a se estruturar com mais força na década de 1920, com a criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. A organização política, presidida por Bertha Lutz, lutou pela pauta diante de diferentes governos.
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4 candidatas: recorde de candidaturas de mulheres
As eleições presidenciais deste ano têm recorde de candidatas à Presidência da República, 4 mulheres entraram na corrida eleitoral; Simone Tebet (MDB), Vera Lúcia (PSTU), Soraya Thronicke (União Brasil) e Sofia Manzano (PCB). Essa também é a primeira eleição com chapas com candidatas a presidente e vice mulheres, a chapa de Simone Tebet e Mara Gabrilli (PSDB) e a de Vera Lúcia e Raquel Tremembé.
A primeira mulher a concorrer à Presidência foi a advogada Lívia Maria Pio (PN), nas eleições de 1989. A segunda foi Thereza Ruiz, no pleito de 1998. Em 2006, Heloísa Helena (PSOL) e Ana Maria Rangel (PRP) entraram na disputa pelo Planalto. Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT) participaram da corrida eleitoral de 2010, a última venceu a eleição, em segundo turno, com 56.05% dos votos e se tornou a 1ª e única presidente mulher eleita até hoje no Brasil. Em 2014, Luciana Genro (PSOL) , Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) foram candidatas no pleito onde a petista foi reeleita. Um total de 15 mulheres concorreram como vice nas eleições presidenciais, mas nenhuma teve a chapa eleita. Até hoje 13 mulheres entraram na disputa pelo cargo mais alto do Executivo.
40 anos, o presidente mais jovem
Fernando Collor de Mello tinha 40 anos de idade quando subiu a rampa do Planalto.
75 anos, o presidente mais velho
Com o afastamento de Dilma Rousseff, em meio ao seu processo de impeachment, Michel Temer, assumiu a Presidência da República aos 75 anos de idade.
21 candidatos, maior número de candidatos numa eleição
Desde a redemocratização, a eleição presidencial de 1989 foi a campanha com maior número de candidatos, 21 entraram na corrida pelo Planalto. Aquela eleição marcou a retomada do voto direto. A disputa com menor número de concorrentes desde então foi a campanha presidencial de 2002, que contou com 6 candidatos.
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17 presidentes de origem militar
Entre os presidentes brasileiros que tem sua biografia ligada às Forças Armadas, sendo militares de carreira ou que passaram pelas fileiras do Exército, tivemos um total de 17 militares, sendo 4 marechais, 8 generais, 2 almirantes, 1 brigadeiro, 1 capitaõ e 1 sargento (na conta estão os militares que compuseram as juntas militares em 1930 e 1969).
Deodoro da Fonseca (1889 – 1893) Marechal
Floriano Peixoto (1891 – 1893) Marechal
Hermes da Fonseca (1910 – 1914) Marechal
Junta militar de 1930 - General Augusto Tasso Fragoso, Almirante Isaías de Noronha e General Mena Barreto
Getúlio Vargas(1930-1945) Sargento (deu baixa do Exército em 1903)
Eurico Gaspar Dutra (1946 – 1951) Marechal
Humberto Castelo Branco (1964 – 1967) General
Artur da Costa e Silva (1967 – 1969) General
Junta militar de 1969 - Almirante Rademaker, General Lira Tavares e Brigadeiro Márcio de Sousa Melo
Emílio Médici (1969 – 1974) General
Ernesto Geisel (1974 – 1979) General
João Figueiredo (1979 – 1985) General
Jair Bolsonaro (2019 - até o presente) Capitão
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8 cariocas foram presidentes
Até hoje o Brasil teve mais cariocas ocupando a Presidência do que cidadãos nascidos em outros Estados. Foram 8 cariocas, seguidos pelos gaúchos, 7 ocuparam o cargo, e pelos mineiros e paulistas. O levantamento adotou o local de nascimento como referência.
Fernando Collor de Mello que tem sua biografia pessoal e história política associada a Alagoas é carioca de nascimento. O mesmo critério foi aplicado a Washington Luís e Fernando Henrique Cardoso, que construíram sua trajetória política em São Paulo antes de subirem à Presidência, mas nasceram no Rio de Janeiro.
O inverso acontece com o atual presidente, Jair Bolsonaro, que tem seu histórico político ligado ao Estado do Rio de Janeiro, mas nasceu em São Paulo. Itamar Franco, lembrado como um presidente mineiro, constitui um caso curioso. Nasceu em alto mar, na faixa do mar territorial brasileiro, e foi registrado em Salvador, na Bahia.
8 cariocas – Afonso Pena, Nilo Peçanha, Washington Luís, Almirante Isaías de Noronha, Almirante Rademaker, Figueiredo, Collor, Fernando Henrique Cardoso
7 gaúchos – Hermes, General Mena Barreto, Getúlio, Goulart, Costa e Siva, Médici, Geisel
6 mineiros – Venceslau Brás, Delfim Moreira, Artur Bernardes, Carlos Luz, JK, Dilma
6 paulistas – Prudente de Morais, Campso Salles, Rodrigues Alves, Mazilli, Temer, Bolsonaro
2 alagoanos – Deodoro, Floriano
2 paraibano- Epitácio Pessoa, General Lira Tavares
2 cearense – José Linhares, Castelo Branco
2 maranhenses - General Tasso Fragoso, Sarney
2 catarinense – Nereu Ramos, Brigadeiro Sousa Melo
1 mato-grossense – Dutra
1 potiguar- Café Filho
1 sul-mato-grossense - Jânio
1 pernambucano - Lula
1 nascimento em alto mar, foi registrado em Salvador (BA) - Itamar Franco
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15 segundos no horário eleitoral
Entre os candidatos chamados de “nanicos”, Enéas Carneiro, do PRONA, fez história com seu estilo inflamado de discurso. Com cerca de 15 segundos de tempo em cada inserção no horário eleitoral em 1989, Enéas disputou outras duas eleições presidenciais (1994 e 1998). Usando a Sinfonia nº 5 de Beethoven como fundo musical, e o bordão “Meu nome é Enéas”, o candidato exaltava o nacionalismo e defendia que o Brasil tivesse a bomba atômica.
Foi o terceiro colocado nas eleições presidenciais de 1994. Com 7,38% dos votos, ficou à frente de nomes tradicionais da política como Orestes Quércia (PMDB), que teve 4,38% , e de Leonel Brizola (PDT) e conseguiu 3,19% dos votos. A leitura de especialistas era que o seu desempenho estava relacionado aos votos de protesto.
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O presidente Jair Bolsonaro quando concorreu ao cargo em 2018, pelo PSL, também compunha o grupo dos “nanicos” que dispunham de menos de 15 segundos em cada bloco do horário eleitoral fixo. Mesmo com tempo escasso na propaganda eleitoral, Bolsonaro liderou as pesquisas de intenção de voto e venceu o candidato Fernando Haddad (PT), no segundo turno, com 55,13% dos votos.
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