Instituto Butantan: 120 anos de história registrada nas páginas do Estadão
Liz Batista - Acervo Estadão
23/02/2021 | 08h44   
Criado em 1901 para combater peste, instituto marcou o desenvolvimento científico no País
Criado por meio do Decreto N° 878A , o Instituto do Butantan surgiu oficialmente em 23 de fevereiro de 1901. Nasceu com o propósito de produzir vacinas e soros para conter a grave epidemia de peste bubônica que assolava São Paulo e o Brasil na virada do século 19 para o século 20. O investimento na Ciência foi coroado de sucesso.
O instituto desenvolveu, naquele mesmo ano, sua “vaccina anti-pestosa”, o primeiro imunizante ali fabricado. A fórmula foi amplamente utilizada e revelou-se, junto com o soro-antipestoso, um aliado importante no controle da doença. Sob a direção do médico sanitarista Vital Brasil , enquanto fazia frente à epidemia de peste, o instituto, em paralelo, também investiu no desenvolvimento de soros antiofídicos, área que lhe conferiu renome.
Desde então, o centro de pesquisa biomédico - que mantém a grafia da época em seu nome até hoje, “Butantan” - tornou-se referência nacional e internacional no desenvolvimento e produção de soros e vacinas e completa 120 anos de existência como uma das instituições científicas e de pesquisa mais importantes do País. Hoje o Instituto Butantan atua na linha de frente no combate à epidemia de Covid-19.
Conheça mais sobre o Butantan através das páginas do Estadão Acervo:
Inicialmente criado como um braço do Instituto Bacteriológico, a instituição adquiriu com o decreto de 23 de fevereiro de 1901. Em 9 e 10 novembro de 1899, o Estadão já noticiava em sua capa as medidas para criação do instituto.
Na edição de 6 de novembro de 1901 o Estadão, mostrou uma visita feita à instituição por autoridades políticas e médicas. A comitiva foi recebida pelo diretor do Butantan, dr. Vital Brazil, que demonstrou aos visitantes como acontecia a produção do soro e da vacina antipestosa.
Com o aumento na escala da fabricação de vacinas e soros, o instituto passou a publicar boletins semanais no jornal com sua produção. Nesses informes, o Butantan trazia a quantidade das fórmulas produzidas pelo seu laboratório, o número de animais inoculados, o número de pessoas tratadas e uma lista nominal de agradecimento às pessoas que haviam colaborado enviando cobras para a instituição.
Prédio Centenário. Treze anos após sua criação o instituto ganhou um prédio central, concebido especialmente para abrigar laboratórios de pesquisa. As outras instalações do local também passaram por ampliações e melhorias. A cerimônia de inauguração aconteceu em 4 de abril de 1914 e contou com uma cobertura ampla do jornal.
>> Estadão 4/4/1914
Visita ilustre. No livro de visitantes, o senador Ruy Barbosa deixou a seguinte mensagem: "É com sincero enthusiasmo que exprimo a minha admiração para com esta casa, pelo que della sei e acabo de ver. Felizes de nós, se a cultura geral do paiz e o progresso brasileiro estivessem na altura desta explêndida instituição, honra do sabio que a dirige, dos homens de sciencia que nella brilham, do povo que della se desvanece e do governo que lhe tem comprehendido o valor".
Um marco do avanço científico no País, Instituto Butantan era frequentemente visitado por autoridades e chefes de Estado. O ex-presidente americano Theodore Roosevelt e os soberanos da Bélgica, são algumas das personalidades que se impressionaram com as instalações e trabalhos desenvolvidos pela instituição.
Tombamento. Em 1981, o local onde o Butantan está instalado foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat). O lugar tornou-se uma referência turística e de lazer, onde se destacam a área verde e o viveiro de cobras, aranhas e escorpiões.
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