Muammar Kadafi: 10 anos da morte do ditador que dominou a Líbia por 42 anos
Acervo Estadão - O Estado de S.Paulo
20/10/2021 | 15h19   
Capturado e morto por forças opositoras em 20/10/2011, Kadafi teve corpo exibido como troféu
Na esteira da Primavera Árabe de 2011, o ditador líbio Muammar Kadafi viu seu poder abalado pelas enormes manifestações populares que pediam sua deposição. Comandante de um governo marcado pela brutalidade, violação de direitos humanos e associação ao terrorismo global, Kadafi estava no poder desde 1969, quando liderou o movimento militar que derrubou a monarquia no país.
Oito meses após o início dos protestos e com a Líbia mergulhada numa guerra civil, Kadafi foi capturado e morto pelas forças rebeldes. Sua morte noticiada na capa do Estadão de 21 de outubro de 2011.
> Estadão - 21/10/2011
"De forma sangrenta, a Líbia encerrou ontem a ditadura de 42 anos de Muammar Kadafi. Em circunstâncias ainda não esclarecidas, o ditador foi morto durante a fuga de seu comboio de sua cidade natal, Sirte, último reduto do antigo regime". Assim o texto de Andrei Netto, enviado especial do jornal, descreveu o fim de um dos líderes mais sanguinários, excêntricos e provocadores do mundo contemporâneo.
“Líbia precisa de alguém para a fazer chorar, não para a fazer rir”. A frase de Muammar Kadafi deste intertítulo, reproduzida num texto do L’Express e republicada no Estadão em 14 de novembro de 1971, era uma amostra do estilo do jovem ditador que há dois anos tomara o poder na Líbia.
Escrito por Roger, X. Lanteri, o texto fazia um perfil de Kadafi, cujo nome naquela época era grafado nas páginas do jornal como “Moumar Khadafi”: “… Com êle, não há compromissos – declara-nos um diplomata. Êle vai em frente, avança ou cai”. Célebre e desconhecido, este personagem que sonha com um “risorgimento” árabe é um puro berbere, um Garamante. Os cavaleiros de Aníbal que, outrora, invadiram a Europa eram Garamentes. Em vez de aceitar o julgo romano – e em seguida a tutel árabe -. êles preferiram refugiar-se no deserto. Durante vinte séculos, foram eles que guiaram as caravanas desde o Nilo até o Niger.
Franco, sincero, o sr. Khadafi tem por regra a ignorância das regras. Quando o embaixador da Checoslováquia lhe apresentou suas credenciais, o Alceste líbio, em vez dos cumprimentos rituais, observou-lhe: “Como lamento que sejais cidadão de um país escravizado!” …”
Veja essa e outras páginas publicadas no Estadão sobre a Líbia e Kadafi:
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