O 11 de Setembro documentado nas páginas do Estadão em 2001
Liz Batista - Acervo Estadão
11/09/2021 | 07h34   
Nos 20 anos da tragédia confira 20 páginas e 20 trechos da cobertura jornalística sobre o maior atentado terrorista contra os Estados Unidos
Lembrando os ataques contra a base americana de Pearl Harbour, na 2ª Guerra Mundial, a capa da edição do Estadão sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 tentava evocar alguma comparação que pudesse alcançar a força histórica daquele evento ímpar. O jornal dedicou 24 páginas ao noticiário da tragédia que deixou cerca de 3 mil mortos. Relatou os sequestros das três aeronaves pelos terroristas da Al-Qaeda, seguidos dos ataques coordenados contra as Torres Gêmeas em Nova York, o Pentágono em Washington, além da queda do avião na Pensilvânia. Relembre 20 trechos marcantes da cobertura.
>> 11 de Setembro 20 anos depois
EUA sob ataque.“Desde o ataque japonês de 1941 à base de Pearl Harbor, na 2.ª Guerra, os norte-americanos não se viam desafiados assim. Em menos de três horas, ontem, dois dos maiores símbolos de seu poder econômico e militar foram parcial ou totalmente destruídos por um ataque terrorista sem precedentes. Os dois prédios mais altos (110 andares) do conjunto World Trade Center, em Nova York, foram atingidos cada um por um Boeing sequestrado e ruíram. Pouco depois, outro avião seqüestrado foi atirado sobre o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA. Mais alguns minutos, e um quarto Boeing seqüestrado caía perto da cidade de Pittsburgh. Nos quatro aviões, morreram pelo menos 250 pessoas; o número de vítimas nos edifícios só será conhecido quando 500 mil toneladas de aço e concreto forem removidas, mas não deverá ter menos de quatro dígitos” Capa do Estadão de 12/9/2001
>> A difícil tarefa de traduzir o horror
Ninguém está a salvo do terror." (...) Demonstrando o propósito de permitir a captação direta, pelas câmeras de televisão, dos atos terroristas e suas dantescas conseqüências, para que o mundo inteiro pudesse parar, atônito, para assisti-los, seus mentores e executores lograram pleno êxito em sua estratégia de obter a mais colossal repercussão (...) Pela escolha dos alvos, a mensagem passada pelos terroristas é cristalina: nenhum país, nenhuma população e nenhum sistema de segurança - contenha ou não escudos de satélites, de mísseis ou o que se possa imaginar está a salvo, nos dias de hoje, de catastróficas ações do terrorismo internacional (...)" Editorial, Estadão, 12/9/2001
Perplexidade."(...)De qual quer forma, outra dúvida já estava na cabeça de todas as pessoas: qual será a reação dos EUA, tão logo descubram a autoria do atentado? Muitas outras dúvidas cresceram com a fumaça, além do número de vítimas e da origem dos ataques. Por exemplo: como eles conseguiram? (...)" Um país em estado de choque, Estadão,12/9/2001
Osama bin Laden. "(...) As maiores suspeitas recaí ram sobre o exilado saudita Osama bin Laden, que vive no Afeganistão (...) " Terror destrói WTC e parte do Pentágono com jatos, Paulo Sotero, Estadão, 12/9/2001
Um novo tipo de conflito armado. "(...) Veteranos políticos e diplomatas disseram que o dia 11 de setembro de 2001 ficará como um marco na história - a data do início de um novo tipo de conflito armado que os EUA enfrentarão no século 21 e perante o qual terão de agir com determinação (...)" Powell promete levar responsáveis à Justiça, Paulo Sotero, Estadão, 12/9/2001
Um avião entrou no World Trade Center. "Acordei com o barulho de uma explosão que parecia ter acontecido algumas quadras abaixo de onde moro. O telefone tocou, meu marido atendeu e veio até a porta do quarto. "Sabe o que aconteceu", disse ele, ligando a televisão. "É sobre a explosão?", perguntei. "Um avião entrou no World Trade Center", foi a resposta, acompanhada pelas imagens mais impressionantes que já vi: os dois maiores arranha-céus de Nova York arrebentados, soltando uma longa e imensa nu vem de fumaça preta (...)" O inesperado que chocou Nova York, Tonica Chagas, Estadão, 12/9/2001
A América em estado de choque." (...) Nenhum alerta avançado foi captado pelas 13 agências civis e militares", garante o coronel da reserva E. Eldrige, ex-integrante dos serviços de inteligência do Comando Sul do Pentágono, para quem a grande questão agora é descobrir como é que não foi percebida uma ameaça de ataque do porte da que foi vista ontem, que destruiu símbolos nacionais e colocou a América em estado de choque (...)" Serviço de informação não acusou o ataque, Roberto Godoy, Estadão, 12/9/2001
O inimigo número 1 dos EUA.“(...) as maiores suspeitas de funcionários americanos e analistas recaem sobre o declarado inimigo número 1 dos EUA, o milionário dissidente saudita Osama bin Laden, e sua organização Al Qaeda (A Base), que reuniria entre 3 mil e 5 mil seguidores. Analistas concordam que Bin Laden, responsabilizado pelos EUA pelos atentados quase simultâneos contra duas embaixadas americanas na África em 1998, que mataram 228 pessoas, é um dos poucos terroristas com dinheiro e meios para lançar ataques como os de ontem. Há apenas três semanas, o próprio Bin Laden - que vive supostamente na área de Kandahar, no Afeganistão, como "hóspede" do grupo fundamentalista islâmico Taleban - advertiu que seus seguidores lançariam um ataque sem precedentes contra interesses dos EUA em represália por seu apoio a Israel, ressaltou ontem Abdel-Bari Atwan, editor da revista árabe Al-Quds al-Arabi, com sede em Londres (...)” Maiores suspeitas recaem sobre milionário saudita, Estadão, 12/9/2001
Último telefonema. "Uma passageira de um dos quatro aviões seqüestrados telefonou para o marido por seu celular e lhe contou que o aparelho estava sendo desvia do, informou a rede de TV a cabo CNN. Supõe-se que ela estava no avião que se chocou contra o Pentágono. Barbara Olson, de 45 anos, ligou duas vezes e disse que os terroristas estavam armados com na valhas e canivetes, e os passageiros e tripulantes tinham si do levados para a parte de trás." Dia de horror, EFE, Estadão, 12/9/2001
Mundo aguarda retaliação americana. "Perplexos com a organização e a ousadia dos terroristas, que atacaram com sucesso e de maneira espetacular alguns dos principais alvos - símbolos do poder americano, especialistas em estratégia e em relações internacionais já previam, logo após os ataques, que os Estados Unidos vão reagir aos atentados. "Estamos diante de um mundo novo e de um novo tempo, pois essa série de atentados é um desafio para o presidente Bush e a resposta dele vai decidir o destino do mundo nos próximos anos", adverte o professor Domício Proença Júnior, do Grupo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (...)" Estrategistas prevêem represálias dos EUA, José Maria Mayrink, Estadão, 12/9/2001
Engrenagens do poder americano desestabilizadas. "(...) Essa violência "simbólica" e, ao mesmo tempo, "real" é testemunhada pelas imagens que, há horas, dão a volta ao mundo: as torrentes de fumaça negra, o grande número de mortos nas torres destruídas, os materiais em chamas projetados como fogos de artifício, as pessoas saltando pelas janelas, o silêncio prodigioso em que, após os primeiros momentos, caiu Manhattan, consternada, atormenta da pela angústia, atormentada pela dor. Imagens de tremores de terra, imagens de guerra total, imagens de ficção científica ou de pânico ("O inferno na torre" à décima potência). A enorme cidade, o farol do mundo, paralisada e, de repente, petrificada: sem ligações, sem metrô, com a eletricidade cortada, a TV muda. Os telefones celulares incomunicáveis. A mais bela paisagem urbana do universo, as duas torres fantásticas, orgulho dos Estados Unidos, suprimidas do espetáculo do mundo. E duas engrenagens do poder americano desestabilizadas: o dinheiro (o bairro dos grandes negócios do World Trade Center, bem perto da Wall Street) e a força militar (Pentágono) (...)" Violência, sem precedentes, abala a história, Gilles Lapouge, Estadão, 12/9/2001
Liberdade controlada. "(...) É possível prever que o início, com muito barulho, dessa guerra desconhecida, misteriosa, obscura vai provocar mudanças rudes na administração dos Estados Unidos - vamos assistir à vigilância implacável de todo o território e dois cidadãos. A liberdade será cada vez mais controlada pelas forças de segurança: vigilância das comunicações, controle dos telefones e da Internet, da imprensa, tal vez, da opinião (...)" Violência, sem precedentes, abala a história, Gilles Lapouge, Estadão, 12/9/2001
Memórias de Pearl Harbor. "Vivemos hoje (ontem) um segundo Pearl Harbor", disse outro senador, Chuck Hagel. "E não acho que haja algum tipo de exagero nessa afirmação." O objetivo do ataque contra Pearl Harbor era dar um golpe decisivo no moral americano, varrendo os Estados Unidos do Pacífico para que os japoneses pudessem estabelecer na área sua Esfera de Co-prosperidade do Grande Sudeste Asiático. Mas, ao contrário disso, acabou acirrando os ânimos da população e do governo dos Estados Uni dos, que se lançaram a uma guerra que culminaria com os ataques atômicos às cidades de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945 (...)" Ataques revivem o trauma de Pearl Harbor, The New York Times, Associated Press, France Press, EFE e DPA, Estadão, 12/9/2001.
George W. Bush. "Hoje, nossos cidadãos, nosso modo de vida, nossa liberdade sofreram uma série de deliberados e mortíferos atos terroristas. As vítimas estavam em aviões ou em seus escritórios. Secretárias, empresários e empresárias, militares e funcionários federais. Pais e mães. Amigos e vizinhos.Milhares de vidas acabaram repentinamente por causa de diabólicos e desprezíveis atos de terror (…) As buscas dos que cometeram esses atos diabólicos estão em andamento. Mobilizei todos os recursos para nossos serviço de inteligência e de aplicação da lei para encontrar os responsáveis e levá-los à Justiça. Não faremos distinção entre os terroristas que cometeram esses atos e os que lhes deram abrigo.” Íntegra do discurso do presidente americano, George W. Bush, Estadão, 12/9/2001
Vítimas brasileiras. "O Itamaraty espera receber informações oficiais entre hoje e quinta-feira sobre possíveis vítimas brasileiras dos atentados ocorridos ontem em Nova York e Washington. O prazo foi definido por autoridades do Departamento de Polícia de Nova York ao serem questionadas pelo Consulado Geral do Brasil naquela cidade. Paralelamente à condenação ao atentado, o Itamaraty montou uma rede para identificar brasileiros envolvidos no caso e facilitar o contato entre pessoas no Brasil e seus parentes nos Estados Unidos. Até as 19 horas de ontem, não ha via nenhuma informação sobre vítimas brasileiras (...)" Itamaraty aguarda informações sobre vítimas, Denise Chrispim Marin, Estadão, 12/9/2001
O impacto dos atentados nos mercados. "O ataque terrorista ao World Trade Center e ao Pentágono provocou ontem a disparada dos preços do petróleo e do ouro no mercado internacional (...)Segundo analistas, a alta do petróleo deveu-se principalmente ao temor de que o atentado esteja relacionado ao aumento das tensões no Oriente Médio (...)" Disparam preços de petróleo e ouro no mercado, Estadão, 12/9/2001
Pânico nas bolsas. "O nervosismo tomou conta do mercado brasileiro ontem, refletindo o pânico que ditou os negócios no mundo inteiro, em razão dos atentados terroristas aos Estados Unidos. O dólar subiu 2,03%, cotado a R$ 2,66, mais uma vez em nível recorde. A Bovespa, numa decisão inédita, interrompeu o pregão às 11h15, quando o Ibovespa estava em queda de 9,18%, a maior desde 14 de janeiro de 99 (...) "Mercado tem dia de nervosismo e dólar bate recorde, Sergio Lamucci, Estadão, 12/9/2001
Brasileiros acompanham pela TV. "O camelô Roberto Luiz Cirillo nunca teve tanta audiência como ontem na sua barraquinha que vende antenas de TV, monta da na esquina da rua Barão de Itapetininga com a Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo. Na frente da televisão 14 polegadas, um aglomerado de pessoas assistia ao atentado terrorista nos Estados Unidos, transmitido pelo canal de informações americano CNN que, por sua vez, era retransmitido pelo canal brasileiro 21. Poucos entendiam o que estava sendo dito, como o "homem sanduíche", que carregava sobre o corpo cartazes anunciando compra de ouro (...)" Tragédia americana pára centro de São Paulo, Márcia de Chiara, Estadão 12/9/2001
A busca por notícias. "Pouco mais de dez horas depois de se despedir da filha Marcela, de 22 anos, no Aeroporto JFK, em Nova York, a dona de casa carioca Denise Serpa, de 53 anos, não queria acreditar nas informações que recebia pelo celular, ao desembarcar em São Paulo. A preocupação se agravou quando soube que os Estados Unidos sofriam o maior atentado terrorista da história, com ataques ao World Trade Center, em Manhattan, e a prédios oficiais de Washington."Meu genro trabalha no comércio lá perto e não tenho idéia do que aconteceu", afirmou (...) " Aviões voltam, com passageiros assustados, Ana Carolina Sacoman, Estadão, 12/9/2001
Declarações de Putin, Blair, FHC e João Paulo II.
“Esse ato sem precedentes do terrorismo internacional é um desafio a toda a humanidade”, Vladmir Putin, presidente da Rússia;
“A nova praga do mundo de hoje. Isso foi obra de fanáticos que não têm o menor respeito pelos valores e pela vida humana e nós, as democracias deste mundo, devemos nos unir para lutar contra eles e erradicá-los” Tony Blair, primeiro-ministro britânico;
“O Brasil continuará, reitero, empenhado na busca de fórmulas de convivência universal, que ponham um fima a essa marcha de insensatez.” Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República;
“Horror indizível”; papa João Paulo II.
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Veja como o Jornal da Tarde cobriu os atentados de 11 de Setembro de 2001:
> Veja o jornal do dia que você nasceu
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