Criança prodígio, Shirley debutou como protagonista em 1934, no musical Alegria de Viver, com 6 anos de idade. Sua figura angelical, o rosto rechonchudo, os cachinhos dourados e seu sorriso doce, além da habilidade para dançar e interpretar, conquistaram os corações de milhares de espectadores e milhões de dólares para a Twenty Century Fox. Em 1936, a doce garotinha rendia em média US$ 6 milhões de dólares por filme ao estúdio. Rapidamente, tornou-se uma as estrelas mais rentáveis da Fox, passou nomes como Gary Cooper, Joan Crawford e Mae West. “Cachinhos dourados” revelou-se a menina de ouro das bilheterias. O estúdio aproveitou o meteórico sucesso e lançou 32 filmes em sequência. Além dos filmes, Shirley ainda coletava polpudos royalties com a venda de suas bonecas e de um refrigerante que levava seu nome.

O Estado de S.Paulo- 26/4/1938 e 31/8/1967

O grande adversário de Shirley era o desafiante maior de toda criança-estrela: o tempo. É  verdade que o declínio no número de produções que ela estrelou coincidiu com sua adolescência. Mas, é também verdade que o auge do sucesso de  Shirley se deu durante os anos da Grande Depressão econômica nos Estados Unidos. Um período onde o cinema canalizou a mensagem de esforço coletivo presente no “New Deal” do presidente Franklin D. Roosevelt, com produções sentimentais que buscavam exaltar os valores tradicionais americanos. Senhorita Temple representou durante esses anos difíceis a inocência que a América queria preservar.