Sopa para os pobres era servida pela realeza
Carlos Eduardo Entini
29/06/2012 | 12h55   
Rainha Vitória saia às ruas no inverno; receita da sopa era do cozinheiro real
A cidade de São Paulo discute se instituições de caridade podem ou não alimentar os moradores de rua espalhados no centro durante a madrugada.
A Prefeitura argumenta que existe uma estrutura pública para acolher os necessitados e chegou a dizer que enquadraria administrativamente e criminalmente as entidades que continuassem a distribuir comida pelas ruas. Por outro lado, os favoráveis à distribuição questionam se fazer caridade é proibido e organizam manifestação.
Lei dos Pobres. A receita dessa questão teve sua primeira versão há mais de quatro séculos. Em 1601, com a pobreza cada vez mais crescente nas cidades europeias, a rainha Elizabeth I da Inglaterra (1558-1603) aprovou a "Lei dos Pobres".
Outros atos oficiais também trataram da pobreza na Inglaterra Elizabetana. Mas a Lei dos Pobres (Poor Law, em inglês) de 1601 foi a primeira a sistematizar a coleta de impostos para combate a pobreza. Essa lei é entendida como uma das primeiras políticas sociais. Um dos destinos do imposto arrecadado era a distribuição de comida que poderia ser feito tanto pelo município como pelas igrejas.
Dois séculos depois e com a Lei dos Pobres ainda vigente - ela funcionou até os anos 1940 - a rainha Vitória (1837 -1901) tinha como tradição oferecer sopa aos ingleses mais necessitados. Ela mesma saia às ruas duas vezes por semana, durante o inverno, para servir. A receita da "Sopa dos Pobres" era do cozinheiro real, Charles Elmé Francatelli e está publicada no livro "Um simples livro de culinária para as classes trabalhadoras".
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