Carlos Gomes

28/12/2011 | 20h08   

Compositor de ópera

Antônio Carlos Gomes

11/7/1836, Campinas (SP) – 16/9/1896, Belém (PA)

O maior representante musical do Romantismo brasileiro, movimento artístico-literário do século  19, iniciou a carreira ainda na infância, acompanhando o pai, o regente Manoel José Gomes. Durante a juventude, compõe a “Missa de São Sebastião”, em homenagem ao pai e, já conhecido no ambiente musical de São Paulo por seus concertos, escreve o “Hino Acadêmico”, que se torna célebre entre os estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Em 1860, muda-se para o Rio de Janeiro, onde estuda no Conservatório de Música da Corte com o maestro Francisco Manuel da Silva, autor da partitura do Hino Nacional. No mesmo ano, executa duas cantatas, que lhe conferem a medalha da Ordem das Rosas, concedida pelo Imperador, e um convite para se tornar ensaiador e regente da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, com a qual representa com grande êxito suas primeiras óperas: “A Noite do Castelo” (1861), baseada no poema homônimo do escritor romântico português Antonio Feliciano de Castilho, e “Joana de Flandres” (1863).

Muda-se então para a Europa para aperfeiçoar os estudos, com bolsa da Empresa de Ópera Lírica Nacional, e passa a residir em Milão, na Itália, onde é ensinado pelo maestro Lauro Rossi. Após receber o título de maestro-compositor, em 1866, estreia as peças musicadas “Se sa minga” (1867) e “Nella Luna” (1868). O artista já era bastante conhecido quando estreia, em 1870, sua ópera mais famosa: “O Guarani”, baseada no romance homônimo do escritor José de Alencar.

A ideia surgiu quando o compositor tomou conhecimento da obra de Alencar por meio de um folheto de divulgação na cidade italiana e adquiriu um exemplar numa livraria local. Surgia aí o argumento brasileiro no qual demonstraria o senso patriótico que marcou o romantismo no país. Após ser encenada no Teatro Scala, em Milão, estreia alguns meses depois, na Corte do Rio de Janeiro, com a presença de D. Pedro II, por ocasião do 45º aniversário do imperador.

Após permanecer por um período no Brasil, Carlos Gomes retorna à Itália, casa-se com a pianista Adelina Peri, com quem teria cinco filhos, e compõe as óperas “Fosca” (1873), homenageando o irmão, “Salvador Rosa” (1874) e “Maria Tudor” (1879).

No final da década de 1870, retorna ao Brasil para executar suas óperas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador, cidade onde apresenta também o “Hino a Camões”, composto por ele em homenagem ao poeta português. Durante a década seguinte, divide-se entre o Brasil e a Europa, e escreve “Lo Schiavo” (O Escravo – 1888), de conteúdo abolicionista e dedicada à Princesa Isabel, encenada pela primeira vez no Teatro Lírico Fluminense do Rio de Janeiro.

Após a proclamação da República, estreia novamente no teatro Scala, em Milão, sua ópera “Condor” (1891). No ano seguinte, cria a última ópera, “Colombo” (1892), em comemoração ao quarto centenário do descobrimento da América e, em 1893, viaja aos Estados Unidos junto com a delegação brasileira que participaria da Exposição Universal Colombiana de Chicago.

Nos meses que precedem seu falecimento, recebe um convite do governador do Pará, Lauro Sodré, para se tornar diretor do Conservatório de Música de Belém, mas não chega a assumir o cargo, por encontrar-se gravemente enfermo, diagnosticado com um câncer na boca. Em decorrência de seu estado de saúde, é autorizado pelo governo de São Paulo a receber uma pensão mensal de dois contos de réis, da qual usufrui por poucos meses, falecendo aos 60 anos de idade.

A morte do compositor gerou comoção nacional, e seu funeral levou muitos brasileiros ao Conservatório de Belém, e posteriormente a Campinas, no monumento-túmulo onde se encontra enterrado, na Praça Antonio Pompeu. Embora tenha residido grande parte de sua vida no exterior, o compositor sempre conservou a brasilidade em suas óperas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.