Carlos Lacerda
20/12/2011 | 21h57   
Jornalista e político
Carlos Frederico Werneck de Lacerda
30/4/1914, Rio de Janeiro – 21/5/1977, Rio de Janeiro (RJ)
Embora tenha nascido no bairro das Laranjeiras na capital, foi registrado no município fluminense de Vassouras, terra natal de sua família. É filho de Olga Werneck e Maurício Lacerda.
A família Lacerda já tinha um histórico no cenário político brasileiro. Seu avô, Sebastião Lacerda foi deputado federal, secretário do Interior e Justiça do Estado, ministro da Viação, Indústria e Obras Públicas, secretário geral do Estado do Rio e encerrou a carreira como ministro do Supremo Tribunal Federal.
Já seu pai foi um dos primeiros líderes políticos a defender os direitos civis das mulheres, direito a greve e outras revindicações dos trabalhadores. Seus tios também eram da política e ajudaram a construir o Partido Comunista do Brasil nos primeiros anos da agremiação.
Aprendeu as primeiras letras com uma empregada da família. Cursou o primário na Escola Pública José Alencar e fez o ginásio no Liceu francês. Sua carreira no jornalismo começou em 1929, quando passou a escrever para o Diário de Notícias.
Entrou para a Faculdade de Direito em 1932. Foi ali que teve suas primeiras experiências políticas, participando do Movimento da Reforma, desenvolvendo ideias comunistas. Ligou-se a ANL e chega a discursar no ato presidido por Luís Carlos Prestes. Deixou o curso no segundo ano. No seguinte, casa-se com Letícia Abruzzini, com quem teve três filhos: Sérgio, Sebastião e Maria Cristina.
Em 1935 tem que se esconder devido à perseguição gerada pela fracassada Intentona Comunista. Escreve para a “Revista Academia” entre 1936 e 1938. Rompeu com as doutrinas de esquerda em 1939 e torna-se um dos grandes críticos do Estado Novo de Getúlio Vargas. Filia-se a UDN em 1945, logo após o fim da ditadura. Vira católico praticante e passa a combater o comunismo.
Tornou-se vereador pelo Distrito Federal e fica no cargo até 1947, quando renuncia em protesto à decisão do Senado que retirou da Câmara poder de examinar os vetos do prefeito. Dois anos depois funda no Rio de Janeiro o jornal “Tribuna da Imprensa”.
É nas páginas do periódico que Getúlio Vargas encontrou a principal fonte de oposição ao seu segundo mandato. Denuncia diversos casos de corrupção entre 1951 e 1952, entre elas ataca o jornal “Última Hora”de Samuel Weiner acusando-o de ter se beneficiado de um empréstimo fraudulento. Os problemas chegam ao ponto do filho de Vargas mover um processo contra Lacerda que responde “ele deve achar louco quem não se corrompeu”.
As brigas entre os dois leva ao caso que entrou para a história como “O Crime da rua dos Toneleiros”. No dia 05 de agosto de 1954, membros da guarda pessoal do presidente tentam assassinar Carlos Lacerda que acaba sendo atingido no pé por uma bala. No atentado morre o major-aviador Ruben Vaz que fazia a guarda do jornalista.
Com isso a opinião pública vira-se contra Vargas, que se recusa a renunciar ou abdicar do mandato até o dia 24 de agosto quando suicida-se. Getulistas culpam Lacerda que se esconde por quatro dias.
Acabou sendo o deputado federal mais votado da UDN no mesmo ano. Tirou licença do mandato em 1955 quando vai para os EUA e escreve para a “Tribuna”, “o Estado de São Paulo” entre outros jornais. É reeleito em 1958 novamente como o preferido dos eleitores do partido. Apoiou ainda Jânio Quadros à presidência da República. O auge de sua carreira política aconteceu em 1960, quando foi eleito Governador do Estado da Guanabara.
Passa a fazer oposição a Jânio Quadros, discordando de diversas medidas do governo federal. Com a posse de João Goulart, Lacerda não escondia o desejo de candidatar-se a presidência nas próximas eleições.
Apoiou o golpe militar em 1964, sendo considerado seu grande líder civil. Passou a critíca-lo quando a eleição direta para presidente foi cassada (ainda almejava o cargo). Foi preso 10 de setembro de 1968 e teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Dedicou o resto da vida ao jornalismo lutando pela redemocratização do Brasil.
Foi internado um dia antes de falecer com principio de desidratação. Está enterrado no cemitério São João Batista.
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