Nilton Santos

20/12/2011 | 22h29   

Jogador de futebol

Nilton dos Reis Santos

16/5/1925, Rio de Janeiro (RJ) - 27/11/2013, Rio de Janeiro (RJ)

Conhecido como “Enciclopédia” devido aos seus conhecimentos sobre futebol. Começou jogando bola nas ruas da Ilha do Governador, bairro carioca. Mais velho de sete filhos, ajudava o pai a pescar, função que era o sustento da família. As remadas no barco lhe davam fôlego para as peladas da tarde. No time dos garotos da rua, o “Fumo”, Nilton jogava pela ponta-esquerda. Mostrava de pés descalços e com uma bola de meia que o futebol era seu futuro.

Aos 14 anos Nilton foi para o Fleixeiras Atlético Clube, pequeno time do Rio de Janeiro. A primeira empreitada com chuteiras foi curta. Para ajudar financeiramente a família abandonou o futebol e começou a trabalhar de garçom.

Prestou serviço militar na Aeronáutica. A vida militar foi o meio que o levaria novamente para o esporte. Em 1945 era o único soldado a integrar o time dos oficiais  Sua habilidade começou a fazer sucesso. Após uma partida contra o São Cristóvão veio o convite para integrar a equipe. Ouvindo os conselhos do amigo coronel Honório Magalhães  não aceitou e foi treinar no Botafogo, levado pelo tio do coronel e diretor social do alvinegro, Bento Ribeiro.

Aos 23 anos Nilton Santos deixou o quartel e a Ilha do Governador e passou a morar em uma república de jogadores em General Severiano. Nos treinos, o técnico Zezé Moreira e o presidente do clube Carlito Rocha perceberam qualidades de um grande defensor, e o colocaram na lateral-esquerda. Estreou no time no dia 21 de março de 1948 na derrota por 2x1 para o América Mineiro. Ganhou a vaga de titular em uma partida contra o Canto Rio e não saiu mais. Foram 16 anos no clube da estrela solitária com 729 jogos. Ao todo conquistou 20 títulos incluindo quatro Campeonatos Carioca e dois Roberto Gomes Pedrosa.

Mais do que conquistas, Nilton adquiriu amigos no Botafogo, incluindo Garrincha. O craque das pernas tortas se tornou quase um irmão do “Enciclopédia”. Fizeram muita coisa juntos, incluindo vestir a camisa da seleção brasileira.

Nilton Santos estreou antes que o colega com a camisa amarela (na época branca). Foi convocado pela primeira vez em 1949 para o Sul Americano, mas entrou apenas na goleada de 5x0 contra a Colômbia. Atuava na defesa mas se lançava constantemente ao ataque, como fazem atualmente os laterais modernos. Entretanto essa prática não era tão bem aceita pelo técnico Flávio Costa, que o convocou para a Copa de 50, mas na reserva de Augusto (que jogava pelo Vasco).

O craque do Botafogo assistiu do banco de reservas a derrota para o Uruguai que tirou o título da seleção brasileira. Oito anos depois, como titular, trouxe pela primeira vez a Taça Jules Rimet para o Brasil, jogando ao lado dos colegas de clube Garrincha, Zagallo e Didi.

Foi também titular em 1962 no Chile onde ganhou seu segundo título de campeão do mundo. Com a  camisa brasileira disputou 82 jogos conquistando quatro campeonatos.

Deixou os gramados em 1964. Seu último jogo oficial foi um Botafogo x Flamengo em 13 de dezembro, onde recebeu uma homenagem do adversário pelos serviços prestados ao futebol. Três dias depois disputou ainda um último amistoso contra o Bahia.

Nilton Santos nunca abandonou totalmente o futebol. Nem o contrário. Foi técnico treinando cinco times, entre eles o Vitória da Bahia. Teve uma mal sucedida loja de produtos esportivos. Desenvolveu diversas escolinhas de futebol para crianças carentes no Rio de Janeiro e em Brasília, local onde decidiu morar por algum tempo. Ajudou mais de mil crianças antes de se aposentar e voltar para a capital fluminense.

Em 1998 foi eleito em Paris o lateral-esquerdo da seleção mundial do século pela FIFA.  Na posição esta presente também como o melhor da América do Sul de todos os tempos. No mesmo ano lançou  a autobiografia “Minha Bola, Minha Vida”. Foi casado duas vezes e tem dois filhos: Carlos Eduardo e Andréa. Em 2007, o jogador foi diagnósticado com mal de Alzheimer. Em novembro de 2013 foi internado com insuficiência respiratória. Diagnosticado com pneumonia, morre dias depois aos 88 anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.